por Claudio Schapochnik*
Moqueca para mim, de preferência, tem de ser feita em panela de barro e chegar borbulhando e fumegando à mesa. Polêmicas à parte, o prato tem de levar, sim, azeite de dendê. Pois bem, fazia um tempão que não comia este ícone da culinária baiana e nordestina e me fartei recentemente com a moqueca de peixe em um almoço no Baião Cozinha Nordestina, restaurante localizado no bairro do Pacaembu (Zona Oeste de São Paulo). Foi servida como descrevi logo no início deste parágrafo. Excelente!
O restaurante completou cinco anos de operação em outubro passado. A casa ocupa um salão grande e segue os protocolos para evitar a propagação do novo coronavírus. Paredes coloridas, fotos em preto e branco de nordestinos famosos de várias áreas, objetos decorativos de cerâmica “transportam” o cliente para o Nordeste. Se isso não bastasse, o restaurante tem música ao vivo. No domingo de minha visita, a banda tocou clássicos da região, como músicas do querido e saudoso Gonzagão (1912-1989).
O clima de Nordeste só destoa no jardim da casa, onde há um laguinho com lindas carpas e um clima mais para Japão — nada contra laguinho, carpas e Japão.
ALMOÇO
Meu almoço no Baião foi à baiana e com pratos da costa e não do sertão do Nordeste. Entrada com mini acarajés; principal com moqueca de peixe; e sobremesa com tapioca e sorvetes. Para beber, apenas água sem gás (R$ 5,30 a unidade). Vale destacar que a brigada de garçons é atenciosa.
A porção de mini acarajés reúne seis unidades e custa R$ 44,50. De mini não tem nada, não. Os bolinhos de feijão fradinho são bem grandinhos para serem chamados assim. É servido com caruru, vinagrete, vatapá e camarão. Gosto de comer acarajé “quente” — como as baianas chamam o acepipe com pimenta. Então pedi uma bem forte, e os garçons me trouxeram duas de marca própria e uma caseira. Ótimas, bem ardidas, do jeito que gosto. Assim comi os acarajés, e estavam muito bons.
Em relação ao prato principal, a moqueca de peixe (R$ 140 para duas pessoas), feita com postas de abadejo, é servida com arroz, pirão e farofa de dendê. No cardápio, o Baião pede 30 minutos para a produção, mas a minha chegou num tempo bem menor que este. Adorei.
Ah! Sou daquele grupo que não gosta de coentro e, portanto, solicitei ao garçom que a moqueca viesse sem esta erva. E assim foi feito. Ótimo.
A panela de barro com a moqueca chegou bem quente e borbulhando, com aquela cor linda que o dendê promove no prato. A porção dá para duas pessoas no mínimo, confortavelmente, mas acho que dá até para três. Em relação aos acompanhamentos: arroz branco soltinho; pirão delicioso; e farofinha de dendê ok.
O peixe abadejo estava tenro e havia bastante caldo com cebola, tomate e pimentão, além de uma linda pimenta dedo-de-moça inteira. Caprichei este conjunto em cima do arroz, com a farofa e o pirão e coloquei bastante pimenta. Excelente.
Para encerrar, provei o mil folhas (na verdade há apenas três, rs…) de tapioca com doce de leite de rapadura e sorvete à escolha (pedi de tapioca) e sorvete de paçoca, respectivamente, R$ 17 e R$ 10,50 cada. Sorvetes com sabores marcantes, ótimos. Este doce de leite de rapadura é bem diferente, não muito doce. Gostei.
Super recomendo o Baião, que tem ainda uma filial recém inaugurada no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), no bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo.
*A reportagem do Que Gostoso! almoçou a convite do Baião Cozinha Nordestina
SERVIÇO:
Baião Cozinha Nordestina
Rua Traipu, 91, Pacaembu, São Paulo/SP
Tel. (11) 4306-2082
www.baiaocozinhanordestina.com.br