por CLAUDIO SCHAPOCHNIK
Além de lugares sagrados de três religiões – judaísmo, cristianismo e islamismo –, sem dúvida o grande chamativo do país quando o tema é turismo, Israel é ainda um excelente destino para natureza, sol e praia, história, agropecuária, esportes, tecnologia, gastronomia etc. É sobre este último, e delicioso tema, que o QUE GOSTOSO! traz as dicas e análises do diretor de Marketing da Keli Tours, empresa de receptivo israelense, Enio Stelmach. A entrevista foi via email neste mês de março.
Stelmach é brasileiro de São Paulo, precisamente do bairro do Bom Retiro, e vive em Israel desde 1986, portanto há quase 40 anos. Sempre trabalhou na área de turismo por lá.

Nesta entrevista, Stelmach fala sobre como foi sua adaptação à comida do país e dá dicas de onde comer pratos típicos, como falafel, shawarma e homus. Ele concentra suas sugestões nas cidades de Tel Aviv, Kfar Saba e Bnei Brak.
Israel tem maravilhosos mercados de rua, como o Machane Yehuda, na capital e mais populosa do país, Jerusalém, e o Hacarmel, em Tel Aviv. Em ambos, além de hortifrutis, carnes, pães, doces e um monte de outras coisas, há bares e restaurantes que servem pratos e sanduíches sensacionais. É programa “obrigatório” ir neste dois, pelo menos, numa viagem a Israel.

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)
E qual será que o Stelmach gosta mais? “Ah, não é time de futebol, que temos somente um. Gosto dos dois e não vai dar para explicar, não. A pessoa precisa vir e sentir o clima destes mercados. Asseguro que esse clima é único!”
Stelmach conta também que não gosta de berinjela. Como assim?! Mas gosto é gosto e temos de respeitar. Portanto, ele não come o sanduíche de origem judaico-iraquiano sabich, preparado no pão sírio (pita) com ovo cozido, salada (os ingredientes dependem de cada lugar), molho de gergelim (tehina), amba (molho à base de manga e especiarias) e… Fatias de berinjela frita.
Confira a entrevista abaixo:
QUE GOSTOSO! – Você vive em Israel há quantos anos?
Enio Stelmach – Eu emigrei para Israel em 1986, ou seja, subi para Israel há 37 anos. O termo aliá, que em hebraico significa “subida”, sugere uma elevação espiritual, ou seja, quando emigramos para Israel teoricamente nos elevamos espiritualmente.

QUE GOSTOSO! – Quando chegou de “mala e cuia” houve uma adaptação à gastronomia local? Houve alguma dificuldade? E os temperos?
Stelmach – A adaptação à gastronomia local não foi simples. Houve uma perda de peso, e a adaptação foi gradual.
Havia pratos que eu não gostava e custei a me adaptar, e hoje simplesmente amo como o homus. E há alimentos que eu nunca me adaptei até hoje, como a berinjela – não a como de nenhum jeito e não falta na mesa do israelense de todas as variações possíveis.
Os temperos são muitos. O aroma eu gosto, mas na hora de comer a história é outra. Aqui gostam muito de coentro, amba (molho à base de manga e especiarias), canela no shawarma – eu não gosto. Na minha casa cresci com muita cebola, muito alho e mais uma caprichada que minha mãe dava, que ela aprendeu com a mãe dela e com a mãe do meu pai, que vieram da Bessarábia [atual Moldova, na Europa Oriental]. Esta é a cozinha que eu gosto.


QUE GOSTOSO! – Nesse período de adaptação com a comida, o que você mais gostava e o que só comia de vez em quando? Por quê?
Stelmach – Neste período de adaptação, gostava do jantar no kibutz que tinha o queijo cottage, que em Israel é maravilhoso até hoje, azeitonas, tomate e ovo duro com gema mole. Era a minha salvação. As verduras, as azeitonas, os queijos brancos em Israel eram e são até hoje espetaculares. E, as vezes no final de semana, quando tinha um frango assado ou uma carne assada também era muito bom. Lembro-me ainda de uma salsicha que tinha de sexta-feira, assada em massa folhada na hora do almoço. Gostava bastante.

QUE GOSTOSO! – A streetfood israelense é famosa, com os sanduíches sabich, falafel, shawarma etc. Desse universo, qual ou quais são as especialidades que você mais gosta? Por quê? Há coisas bem diferentonas daqui do Brasil?
Stelmach – Sabich nem pensar, pois tem berinjela. Um bom shawarma ou falafel, gosto bastante. Mas tomo cuidado. O falafel tem que ser quente e fresco, se não desce igual a acarajé gelado, quadrado! E o shawarma não pode ser gorduroso. Prefiro do modo turco, que é feito com iogurte. Aqui em Israel é com molho de gergelim (tehina).
QUE GOSTOSO! – De algumas dicas de falafel em Israel.
Stelmach – Gosto do Falafels. Fica em Kfar Saba, na rua Weizman, 57.

QUE GOSTOSO! – E de shawarma?
Stelmach – Embaixo do nosso escritório: Etzel Kobi, rua Hacharoshet, 19, em Kfar Saba.


QUE GOSTOSO! – E shakshuka (ovo cozido, mas com a gema mole, em molho à base de tomate e pimentão, com vários temperos e diversas coberturas)?
Stelmach – Shakshuka gosto da verde, com espinafre; se for vermelha, tem que ser com temperos leves, europeia!

QUE GOSTOSO! – Boa comida judaica asquenazita (termo referente aos judeus originários da Europa Central, do Norte e do Leste) dá para encontrar em Israel?
Stelmach – Sim. Jewish Restaurant, na rua Kinneret, 4, em Bnei Brak, Tel Aviv. Muito bom! Lá fazem o chulent (“feijoada judaica”, feita com carnes bovina e de frango, feijão branco, cevadinha, cenoura e batata; sem carne de porco), uma delícia! Outro lugar que era muito bom, mas não vou há anos, é o Elimelech. Aliás, tinha também um chopp espetacular. Rua Wolfson, 35, também em Tel Aviv.
QUE GOSTOSO! – Por ser um país de imigrantes, com a população que fala diversos idiomas, ir em qualquer bar, mercado ou restaurante em Israel não será um problema de comunicação. Correto?
Stelmach – Esta é a grande vantagem de Israel. Um país de imigrantes. Todos falam tudo. O estrangeiro se sente bem em Israel, assim penso eu.
QUE GOSTOSO! – Qual é o seu mercado de rua preferido: Machane Yehuda, em Jerusalém, ou Hacarmel, em Tel Aviv? Ou é um terceiro? Por quê?
Stelmach – Ah, não é time de futebol, que temos somente um. Gosto dos dois e não vai dar pra explicar, não. A pessoa precisa vir e sentir o clima destes mercados. Asseguro que esse clima é único!


QUE GOSTOSO! – A Keli Tours pode desenhar roteiros sob medida para individual, casal e grupos (também de empresas) para quem tem na gastronomia o interesse número um numa viagem a Israel? Como é feito esse trabalho?
Stelmach – Em linhas gerais, temos uma equipe de profissionais experientes. Somos uma Destination Management Company (DMC) com quase 30 anos. Sabemos desenhar e temos o contato para poder fazer o roteiro sob medida de cada um. Os nossos clientes têm desfrutado de nossa experiência com sucesso; melhor ainda: o cliente final tem voltado ao seu país de origem muito feliz com a viagem!
QUE GOSTOSO! – O pessoal da Keli visita regularmente ou é convidado para conhecer a comida e a bebida em bares, restaurantes e hotéis?
Stelmach – Sim, recebemos convites para visitas técnicas e nós mesmos decidimos, independente dos convites, da necessidade de visitar uma atração, um hotel ou restaurante.

QUE GOSTOSO! – Comunidades como dos drusos e beduínos oferecem refeições aos turistas. A Keli trabalha e incentiva esse tipo de turismo às agências de viagens? Pessoalmente, você prefere comida drusa ou beduína? Por quê?
Stelmach – Analisamos a solicitação do cliente e recomendamos o melhor, mas a decisão final é do cliente.
A comida beduína (povo muçulmano que vive em áreas desérticas) e drusa (povo muçulmano presente em vários países do Oriente Médio)… Eu diria que são muita parecidas. São, na verdade, pratos que comem os árabes em Israel podendo obviamente haver variações de aldeia para aldeia, de restaurante para restaurante – o homus, por exemplo, pode ser preparado diferente de uma aldeia para outra; em um lugar o acompanhamento por ser tahina e, em outro, com labne (tipo de iogurte, de origem árabe). Isto é o que tenho vivido. Não tenho preferência por nenhum dos dois, gosto igualmente dos dois. Uma ovelha assada ao fogo lento em uma aldeia drusa ou beduína pode ser maravilhosa.

QUE GOSTOSO! – Em relação às bebidas, quais você gosta e poderia recomendar?
Stelmach – Recomendo, em especial, o suco de cenoura. Maravilhoso! As cervejas e os vinhos de Israel já são premiados na Europa.
QUE GOSTOSO! – Você cozinha na sua casa? Se sim, o que gosta de preparar?
Stelmach – Comida Italiana! Minha predileta – macarrão à bolonhesa, lasanha etc. Também gosto de estrogonofe, verdura refogada, feijão, enfim, comida fácil. Não faço doces.
QUE GOSTOSO! – Dos restaurantes mais famosos, seja pelo cardápio ou pelo chef ou ainda pela localização, quais você recomenda?
Stelmach – Não acho que sejam restaurantes de chef, mas são espetaculares: Hudson Brasserie (rua Habarzel, 27, em Tel Aviv). Peça o hudson cut, uma carne espetacular. E o Stekyat Hakfar (rua Weizman, 6, em Kfar Saba), onde o homus e as batatas fritas não têm igual!

QUE GOSTOSO! – Uma pessoa sem restrições (kasher, halal, vegano, lactose, vegetariano, celíaco etc) quer comer e beber no quarto do hotel. Quais são os produtos que você recomenda ela comprar no mercado?
Stelmach – Olha, não gosto de comer no quarto do hotel porque fica cheiro. Eu só como chocolate, salgadinhos, frutas, queijos simples e coisas industrializadas para não ter cheiro.

QUE GOSTOSO! – Israelense de um modo geral adora fazer picnic. E você? Se sim, o que costuma levar?
Stelmach – Não gosto. Não faço picnic. Você me pegou, pergunta sem resposta.
SERVIÇO:
Jewish Restaurant
Hudson Tel Aviv
Mercado Machane Yehuda
Keli Tours