por CLAUDIO SCHAPOCHNIK*
Na região entre o Largo do Arouche e a Praça da República, bem no Centro paulistano, há uma casa que oferece boas pizzas e bons pratos. É o Domani Blu Pizzeria, Ristorante e Bar, aberto no início deste ano.
Bem aproveitado espacialmente com quatro ambientes, o lugar combina comida saborosa e decoração com referências kitsch.
O restaurante tem como sócios André Cunha, Claudio Barbosa, Feyez Ayache e José Roberto Prado. Na cozinha é o chef Vagner de Freitas que lidera a equipe. Jantei no Domani e agora conto como foi a agradável visita.



DECORAÇÃO
Instalado num salão bem extenso no comprimento, pequeno na largura e com imenso pé direito, o Domani Blu traz uma decoração que, como escrevi acima, tem referências à cultura kitsch. Aprecio este estilo, e pude constatá-lo no galo de cerâmica e numa mesa cheia de detalhes, entre outros objetos.
O bacana do local também são os quatro ambientes. Logo quando você entra, à esquerda, fica o bar com bancos e, à direita, algumas mesas e o lugar de trabalho do DJ, o também sócio André Cunha.


Logo depois há um espaço com cadeiras e sofás e, ao final, voltam as mesas, digamos, tradicionais e aquela com os “pés” bem exagerados, além da cozinha. Uma cortina preta dá a impressão que atrás há um palco e indica o quão alto é o pé direito naquela parte do salão.
Numa estante estão os bloquinhos de papel de vários estilos e diversas capas. Todos estão à venda, com renda revertida à iniciativa social Nossa Cooperarte — cooperativa de arte inclusiva que atende jovens com deficiência intelectual e moradores da comunidade da Vila Prudente, bairro da Zona Sul de São Paulo.



ENTRADAS
No início da refeição, pedi duas entradas italianas: Burrata Domani Blu (R$ 57,30) e Due de Bruschettas (R$ 25,70). Foram certeiras, pois não me decepcionei.
A porção de bruschetta tem uma com cebola, tomate, muçarela de búfala, manjericão e azeite e uma com cogumelos variados coberta com muçarela de vaca. Adorei as duas, com coberturas fartas, bem temperadas e que chegaram quentinhas à mesa. Que gostooooooso!

Em relação à burrata… Uau, que maravilha! O laticínio chegou acompanhado de tomates confit e crostini de lemon pepper. A burrata tinha o interior cremoso, que adoro. Caiu super bem com os tomatinhos confit embebidos naquele azeite de oliva temperado em cima de um pedaço crocantíssimo do crostini. Que gostooooooso!



NAPOLITANA
As pizzas da casa, de seis (média) e oito pedaços (grande), seguem a receita tradicional de Nápoles. A massas e as coberturas têm a assinatura do sócio e DJ, André Cunha.
Provei uma média meio parma e meio aliche — caso fossem inteiras custariam, respectivamente, R$ 53,10 e R$ 45,70. Acertei em cheio na escolha, pois me agradaram bastante.
Vale ressaltar que a pizza chegou quente à mesa, condição crucial na minha avaliação. A massa agradou — e muito. Depois de horas e horas de fermentação, estava bem assada, com borda alta, cobertura na medida e leve. Show.
A pizza de parma leva, além do presunto cru, molho de tomate, muçarela de búfala, parmesão, pecorino, raspas de limão siciliano.
Foi a primeira vez que comi pizza com raspas de limão. Estava meio cético quanto ao sabor, mas caiu muito bem. Os queijos estavam bem derretidos, e o presunto deu aquele toque de grand finale na boca. Adorei. Que gostooooooso!

A pizza de aliche, ainda que tenha vindo com queijos, me agradou bastante. Geralmente esta cobertura leva apenas molho de tomate e os filés do peixinho. Estava boa pra caramba. Que gostooooooso!

LEMBRANÇA DO DANTON
Entre os pratos, pedi um clássico francês: filé ao poivre vert (R$ 79,20). O medalhão de filé mignon grelhado veio acompanhado com risotto de mix de cogumelos selvagens.


O pedido foi aguçado de uma lembrança de 31 de dezembro de 1988, quando devo ter comido o filé ao poivre no então restaurante francês Danton. É parte do nome de Georges Jacques Danton (1759-1794), advogado francês que atuou na e pós-Revolução Francesa. A casa funcionava na rua Mourato Coelho quase na esquina com a rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros na Zona Oeste de São Paulo. Estava com a família do meu amigo Felipe e, de lá, seguimos para a Avenida Paulista para acompanhar a queima de fogos do réveillon.
Gostei muito do filé ao poivre vert com risotto de mix de cogumelos selvagens. O ponto da carne veio como solicitei, mal passado, o risotto estava al dente e muito saboroso e o molho do medalhão fez boa liga com a carne e o arroz. Que gostooooooso!

O prato foi feito pelo chef da casa, Vagner de Freitas. Paulistano e bem simpático. É graduado em moda, mas não trabalha mais como estilista.
Pra nossa sorte, Freitas cursou também faculdade de gastronomia e trabalha no segmento há dez anos. Começou no resort Costão do Santinho, em Florianópolis, e, de volta a sua natal Terra da Garoa, passou pelo Viena e Spaghetti Notte e integrou o catering que serviu o grupo Cirque du Soleil. Também atuou no Gigetto, onde aprendeu muito com o chef italiano Stefano Tancredi.
“EXAGERO” DE CHOCOLATE
Como chocolate, mas de vez em quando. Ao escolher a torta de chocolate com avelãs (R$ 23,10), comi o produto para 2022 inteiro.
A sobremesa tem base de chocolate meio amargo, cacau 100%, ganache de chocolate, creme de leite, Nutella e avelãs. A torta me agradou demais e assim fechei o jantar. Que gostooooooso!

Recomendo o Domani Blu, casa de boa comida e preços acessíveis. Recomendo ainda chegar de carro por aplicativo na porta do restaurante. Infelizmente o Centro da cidade, há anos, tem sérios problemas relacionados à (precária ou falta de) segurança pública.
*O QUE GOSTOSO! jantou a convite do Domani Blu Pizzeria, Ristorante e Bar
SERVIÇO:
Domani Blu Pizzeria, Ristorante e Bar
Rua Bento Freitas, 123, República, São Paulo/SP
Tel. (11) 3331-0896
Horário: de terça a domingo das 19h às 23h; fecha às segundas-feiras
www.domaniblu.com.br