por CLAUDIO SCHAPOCHNIK
No próximo ano, o Brasil e a Coreia do Sul vão celebrar os 60 anos da imigração coreana em terras brasileiras. Um dos (ótimos) presentes de aniversário para essa importante comemoração já chegou. É um livro que ensina os brasileiros a cozinhar 50 pratos da deliciosa e rica cozinha coreana. Trata-se de Hansik, 50 receitas da Culinária Coreana reveladas por João Son (168 páginas, R$ 115, edição do autor). O autor é jornalista e chef de cozinha. Segundo ele, na apresentação da obra, é a primeira publicação com receitas coreanas escrita em português.
O título significa, Son explicou, “gastronomia coreana” ou ainda “os pratos que o povo coreano gosta de comer”. Vem das palavras han, povo coreano, e sik, comida.

Son tem 48 anos e nasceu em Seul, a capital da Coreia do Sul. Aos 11 anos veio com sua família para São Paulo — cidade que concentra a maioria da comunidade coreana no Brasil, sobretudo em bairros como Bom Retiro e Liberdade, ambos na região central, e Aclimação, na Zona Sul. Além de dominar a língua coreana, ele fala fluentemente o idioma português.
MOMENTO CERTO
De acordo com Son, o lançamento de seu livro, em agosto passado, ocorreu no momento certo.
“Entre outros motivos, há alguns principais: comprar pessoalmente, em São Paulo, ou pela internet, de outras cidades do País os ingredientes originais coreanos ou já produzidos no Brasil é perfeitamente possível; e porque cada vez mais são os brasileiros que estão frequentando os restaurantes coreanos e, via internet e Netflix, se familiarizando com músicas (K-Pop), séries e filmes da Coreia do Sul”, afirmou o autor de Hansik em entrevista exclusiva ao QUE GOSTOSO! realizada no Bom Retiro.
Outro fato que ele salientou diz respeito à geografia da comida coreana no Brasil, que cruzou os limites de São Paulo. “Há cinco anos, só havia estabelecimentos nas capitais paulista e fluminense, mas hoje — e isso é extremamente positivo — é possível encontrar casas em Campinas, Sorocaba e Piracicaba, no interior do Estado, e também em capitais como Curitiba”, destacou Son.

Ou seja, há todo um cenário para que o referido livro de receitas, escrito por um sul-coreano com o conhecimento pleno do tema, da cultura brasileira e do idioma português, tenha sido lançado e obtenha êxito.
Nesses 38 anos que Son vive no Brasil, ele teve uma história privilegiada em relação à cozinha de seu país natal. “Meus pais, sendo que minha mãe cozinhava super bem, tiveram um restaurante coreano no Pari (bairro da região central de São Paulo), em 1992, e trabalhei em um estabelecimento coreano no Rio de Janeiro”, recordou.
BLOG E ESTUDOS
A ideia do livro começou em 2011, quando Son lançou o blog Banchan. Palavra coreana, banchan na tradução para o português significa “acompanhamentos”. Lá estão receitas, dicas de restaurantes e tudo o que se relaciona à culinária coreana.
Nesses 11 anos, o interesse de Son pela promoção da gastronomia da Coreia foi só crescendo. “Estudei muito, fiz cursos de gastronomia e assim me aperfeiçoei”, disse ele, que começou a dar aulas, fazer refeições em eventos, prestar consultoria e ser convidado para apresentações na televisão.
Por tudo isso, o cônsul-geral da República da Coreia do Sul em São Paulo, Insang Hwang, no prefácio de Hansik definiu Son como “embaixador da culinária coreana” no Brasil.

GLOSSÁRIO E CARACTERÍSTICAS
Interessante e, crucial para o melhor entendimento do leitor, numa obra original de outro idioma e outra cultura, são as seis páginas do glossário. Lá estão a pronúncia da palavra em português, o original em coreano e o significado.
Nos nomes dos pratos, o autor adotou a descrição com fonemas em inglês. “Isso porque as letras coreanas podem ser interpretadas de diversas maneiras. Assim, adotei esta pronúncia que considero mais fácil para os brasileiros e é mundialmente reconhecida”, explicou ele no livro.
A mesa coreana começa sempre com dois pratos. São o arroz cozido e o kimchi — vegetal fermentado e picante, que pode ser de acelga, nabo, pepino, para citar os mais consumidos.
Explicações como essa acima são descritas pelo autor para molhos, carnes, frutos do mar e outros temas. Todas bastante interessantes para familiarizar o brasileiro sobre como o coreano se alimenta.

RECEITAS
As 50 receitas de Hansik estão divididas em nove partes — sopas; acompanhamentos; refogados e cozidos; arroz, risoto e creme espesso; carnes; massas; frituras; legumes fermentados; e lanches e sobremesas.
“As receitas que estão aqui [no livro] são suficientes para se ter uma noção básica da culinária coreana”, escreveu Son na apresentação.
As páginas estão recheadas de boas fotos, que ajudam bastante na preparação das receitas. A esposa de Son, Rose Shin, também co-autora de Hansik, foi a responsável por todo o foodstyling. Eles se casaram há 11 anos e têm um casal de gêmeos — Lucca e Mikaela.
Cada receita tem o nome em coreano, uma descrição, os ingredientes, a preparação, os passos e uma dica.
Li Hansik de ponta a ponta e fiquei com vontade de fazer várias receitas. Quando isso ocorre é porque o livro “me laçou”.
De fato, a obra está bem escrita e cobriu uma lacuna que havia no mercado editorial nacional. Oferece um leque de pratos que vai agradar o leitor que já conhece um pouco da culinária coreana, ou quer fazer os pratos que já comeu num restaurante da especialidade na sua casa ou ainda se iniciar nessa gastronomia.
Hansik merece estar na estante das casas dos leitores que apreciam gastronomia e a excelente culinária coreana, da qual sou fã (amo kimchi e o “churrasco coreano, o bulgogi). Pode ser encontrado nos supermercados Otugui, no Bom Retiro, e Korea Mart, na Liberdade. Super recomendo.
Com a Netflix mostrando vários filmes coreanos a curiosidade aguça! Parabéns por mais essa mensagem, primo!