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QUE GOSTOSO! mostra belezas e delícias da Tunísia

por CLAUDIO SCHAPOCHNIK

No início dos saudosos anos 1980, quando tinha 12, 13 anos, era aluno do Ginásio, depois chamado de Ensino Fundamental, na excelente Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Padre Manuel da Nóbrega”, no bairro da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo. Na época tive aulas de história, que adorava e tirava notas altas nas médias bimestrais, sempre “A” e “B” — não “C”, a média, e jamais as baixas “D” e “E” —, com as queridas professoras Marilene e Olívia. O livro didático utilizado por elas era História Geral, do também professor de história Raymundo Campos.

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No alto coluna nas ruínas de Cartago e, acima, o grupo de agentes de viagens parceiros da Flot posa em Chott El Jerid, o grande lago salgado no deserto no Sul da Tunísia (fotos Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)
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O mar espetacular na cidade balneária de Hammamet

Em um ano, não me lembro qual, nas aulas de história dadas pela Marilene ou Olívia, aprendi sobre as guerras púnicas — travadas nos séculos 3 e 2 a.C. no âmbito do controle do Mar Mediterrâneo entre os impérios Cartaginês e Romano, sendo vencidas pelos últimos. Púnicas vêm de “puni”, como os romanos chamavam os fenícios, civilização que fundou a cidade de Cartago, em 814 a.C. no Norte da África.

Cartago era a capital de uma civilização que se desenvolveu no Norte da África e criou um império que controlou o litoral dessa região, desde a Líbia até o Marrocos, partes das ilhas mediterrâneas como a Sicília e as Baleares e parte do Sul da Espanha. O período: entre 814 e 146 a.C., quando Cartago caiu nas mãos romanas.

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Oásis no deserto no Sul do país: cachoeira escondida

Pois bem, desse preâmbulo cima, houve dois incríveis desdobramentos.

Primeiro: na mesma década de 1980, em 1988 e 1989, no Colegial, atual Ensino Médio, já estudando no Colégio Equipe — onde é hoje o terminal de ônibus e estação de metrô Pinheiros, da Linha Amarela, na Zona Oeste de São Paulo — tive aula de história com o autor de História Geral, Raymundo Campos! E mantive as notas altas na disciplina.

Segundo: no início do mês passado, passados mais de 30 anos das histórias relatadas nos parágrafos acima, quem diria, conheci as ruínas de Cartago, nos arredores de Túnis, a capital da Tunísia. Jamais, jamais imaginaria um desenlace como esse.

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Anúncio de viagem para a Argélia e Tunísia, então colônias francesas no Norte da África
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A agente de viagens Marli Irene de Souza, da Circuito Viagens, de Congonhas (MG), e José Eduardo Barbosa, da Flot, com Kadija, que abriu gentilmente sua casa troglodita (escavada nas encostas de um morro no deserto) e ofereceu pão com mel e azeite de oliva, ao grupo do Megafam da operadora brasileira em Matmata, no Sul da Tunísia

MEGAFAM
Conheci a Tunísia a convite do proprietário e diretor da Flot Viagens, José Eduardo Barbosa. A empresa é uma das mais tradicionais operadoras de turismo de São Paulo, fundada em 1984 por Antônio Aulísio e ele.

A viagem, chamada oficialmente de Megafam — da fusão de “mega”, bem grande, e “fam”, sigla de familiarization trip, viagem educativa, de conhecimento para donos de agências de viagens parceiras da Flot —, ocorreu entre 9 e 19 de maio.

Como não há voos diretos entre o Brasil e a Tunísia, o Megafam fez uma conexão em Frankfurt Am Main, na Alemanha, na ida e na volta. Toda a parte aérea foi com a companhia alemã Lufthansa.

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Carros 4×4 estacionados no deserto: passeio com emoção
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Deliciosas tâmaras: uma das frutas mais consumidas na Tunísia e também exportadas para vários países

Viajei com Barbosa e mais dois colaboradores dele, Abel e Isaías, e cerca de 45 agentes de viagens de mais de 20 cidades de seis Estados. Portanto, um grupão de quase 50 pessoas que fez uma viagem maravilhosa: primeiro na cidade alemã e depois por várias cidades da Tunísia.

Na Alemanha a Flot contou com apoio do Tourismus+Congress GmbH Frankfurt Am Main e, na Tunísia, com a colaboração do Ministério do Turismo e Artesanato da Tunísia, do Escritório Nacional de Turismo da Tunísia (ONTT) e da Gold Experiences, receptivo da operadora brasileira naquele país.

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Mulheres andam na Medina de Túnis, a capital tunisiana
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Artesanato à venda na Medina de Tozeur

TUNÍSIA ENCANTADORA
Amanhã, terça (dia 14), começo a publicar aqui no QUE GOSTOSO! uma série de matérias especiais onde tentarei traduzir, em texto e fotos, as belezas que conheci e as delícias que provei na Tunísia.

Eu simplesmente fiquei encantado com esse país, tanto que voltaria numa boa; terra de um povo pra lá de simpático.

A Tunísia possui território com mais de 163 mil km² — quase do tamanho do Acre — e fica entre a Argélia e a Líbia. Soma mais de 12 milhões de habitantes, onde 99% da população é muçulmana — há, no entanto, desculpe o pleonasmo, pequeninas minorias de cristãos e judeus.

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Acima, a localização da Tunísia (em verde) no continente africano e, embaixo, a bandeira do país (imagens Wikipedia)
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Depois da fundação do islamismo, nos anos 600 d.C., o território que é hoje a Tunísia fez parte do processo de arabização e islamização realizados pelos maometanos no Norte da África. Daí porque quase todo o país ser muçulmano. Sim, ainda há grupos étnicos não árabes, como os bérberes, que, no entanto, adotaram a fé islâmica.

Atualmente, possui um fuso horário de 4 horas a mais que a hora oficial de Brasília.

Banhado pelo Mar Mediterrâneo, a nação tem a parte Sul dominada pelo deserto. Conquistou a independência da França em 1956, depois de 75 anos de presença francesa que deixou algumas heranças até hoje no país. Por exemplo: o francês é o segundo idioma mais falado depois da língua oficial, o árabe; e o tradicional pão francês, a baguette, se faz presente nos mercados e nas mesas dos tunisianos.

Em relação à agricultura, entre outras culturas, há uma predominância das oliveiras no Norte e Leste, pela proximidade com o Mediterrâneo, e o domínio das tamareiras, no Sul e Oeste, desérticos.

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Dromedários em fila no deserto
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Linguiças de carneiro, merguez, em açougue no mercadão de Tozeur

No Megafam da Flot, o roteiro da viagem passou, entre outros destinos, pela capital, Túnis; pelo riquíssimo e bem mantido patrimônio histórico representado pelas ruínas de Cartago, de Dougga e El Jem, estes últimos dois da época romana, e pela importante mesquita de Kairouan; pelo deserto, em cidades como Tozeur e Matmata, com atividades como passeios em carros 4×4, banho de cachoeira num oásis, passeios guiados de quadriciclo e dromedários e visita a uma casa troglodita — incrivelmente construída nas montanhas — e às locações de filmes como O Paciente Inglês e da franquia estadunidense Star Wars; e pelo litoral, em cidades como o balneário de Hammamet e Monastir, onde fica o mausoléu do primeiro presidente do país, Habib Bourguiba.

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Samir serve agentes de viagens para a degustação de azeite de oliva da marca tunisiana Neapolyssa

COMIDA SABOROSA
Claro, vou dar bastante atenção à culinária tunisiana. Vale reforçar que, ainda por ser um país árabe-muçulmano, a Tunísia fica na África.

Portanto, não espere que vá escrever sobre a comida tradicional por lá citando, por exemplo, homus, babaganush e shawarma — respectivamente, pasta de grão-de-bico, pasta de berinjela e sanduíche de carne assada, sobretudo de carneiro ou mesmo de frango. Claro, esses três pratos são encontrados também na Tunísia, assim como aqui no Brasil, mas não fazem parte da alimentação cotidiana das famílias.

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Travessa com pastéis bricks e salada tunisiana servida no almoço no Hotel Les Berberes, em Matmata: comida deliciosa

Vou escrever sobre o que comi de típico.

Há as variações de cuscuz, desde com carneiro, que já conhecia, com peixe, uma delícia; o prato me fez lembrar do querido amigo francês nascido em Túnis, Jean-Philippe Pérol, que me disse numa entrevista que seu pai, diplomata, fazia essa versão; o pão local, de trigo e achatado; o brick, um tipo de pastel feito com massa finíssima; e as onipresentes salada tunisiana, com pepino, tomate e cebola cortados em cubos muito pequenos e servida com ovos cozidos e atum — seria uma releitura da francesa salada niçoise?; fel fel, pimenta ardida verde servida inteira; a linguiça de carneiro, merguez; e a harissa, pimenta picante vermelha, apresentada em pasta.

Haverá ainda as visitas aos mercados populares de algumas cidades, com muitas fotos do que é vendido por lá. Cenas lindas e coloridas. E também participei de uma agradável prova de azeite de oliva. Há vinhos tunisianos? Sim, mas não conquistaram o meu paladar.

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Fachada do mercadão em Tozeur, no Sul da Tunísia

Abordarei ainda os churrascos de carneiro, com a carne mais fresca que presenciei até hoje: o animal é abatido ao lado da grelha e, depois de limpo, o corte a pedido do freguês segue para ser assado. Vi muito isso nas rodovias que cruzam pequenas cidades. É uma tradição.

Além da carne ovina, preferência nacional, e de frango, entre outras proteínas animais, há tunisianos que mandam ver, sim, em carne de dromedário. Não cheguei a provar, mas vi açougues que comercializavam.

OBRIGADO! CHOKRAN!
Meu obrigado — chokran, em árabe — ao José Eduardo Barbosa pelo convite e seus colaboradores, Abel e Isaías, pela ajuda em vários momentos, à Lufthansa e aos agentes de viagens — conheci pessoas muito educadas e bacanas, foram ótimas companhias de viagem.

Na Tunísia, meu super obrigado de coração a quatro tunisianos fundamentais no sucesso do roteiro — todos um habib, querido, em árabe: o motorista zeloso do ônibus, Mahem Mallekh; o guia de turismo sensacional, Kamel Khaled; o representante da Escritório Nacional de Turismo da Tunísia (ONTT), Aloui Lazhar; e o diretor da Gold Experiences, o receptivo da Flot na Tunísia, Slim Fsili, o único que já conhecia de anos atrás desde o Brasil.

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O guia de turismo do grupo brasileiro, Kamel Khaled, Isaías Pereira, da Flot, e Slim Fsili, da Gold Experiences
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Aloui Lazhar, da ONTT, Yasser Souf, do Turismo de Tozeur, e Barbosa, da Flot

E Frankfurt? Não esqueci. Vou abordar o dia inteiro que o Megafam da Flot esteve na cidade alemã após as matérias da Tunísia. Foi bem interessante.

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O editor do QUE GOSTOSO!, Claudio Schapochnik “Schapo”, com o dromedário no passeio no deserto: “experiência muito bacana”

Espero que você leia, goste, comente e compartilhe o meu trabalho. Até!

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