Mantiqueira deve produzir mais azeite que em 2023 Foto Maria Eduarda Rocha Antônio_Divulgação Epamig

Mantiqueira deve produzir mais azeite que em 2023

DA EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS (EPAMIG)

A região da Serra da Mantiqueira, entre os Estados de Minas Gerais, São Paulo e do Rio de Janeiro, prepara-se para a colheita das azeitonas da safra 2024. A expectativa é que a produção de azeites cresça em relação a 2023, quando alcançou 60 mil litros.

“Tivemos uma boa florada, e a previsão é que a extração de azeites em 2024 na Mantiqueira seja superior a de 2023, mas ainda não podemos afirmar o quão será maior”, informa o engenheiro agrônomo Pedro Moura, integrante do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

A produção de azeites no Brasil é bastante recente. A primeira extração nacional foi realizada pela Epamig em Maria da Fé (MG) em 2008.

Por esta razão pesquisadores e olivicultores acompanham com cautela a evolução de cada safra. “Alcançamos importantes avanços em termos de tecnologia em todas as etapas da cadeia produtiva, produção de mudas, tipo de poda, manejo, agroindústria, análise da azeitona e do azeite. Mas ainda há muito a se evoluir seja no estudo do comportamento das plantas, seja no conhecimento do potencial produtivo da oliveira ou em ações para amenizar os impactos das condições climáticas”, comenta o engenheiro agrônomo e coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira.

Para a safra 2024, a Epamig prepara mais uma edição do Azeitech, composto pelo 19º Dia de Campo de Olivicultura e pela 9ª Mostra Tecnológica, que acontecem no próximo dia 2 de fevereiro, no Campo Experimental de Maria da Fé (foto no alto/Maria Eduarda Rocha Antônio/divulgação Epamig), justamente no período de colheita das azeitonas.

Na ocasião, a agroindústria de extração de azeite do Campo será reinaugurada. O lagar modernizado conta com novos equipamentos, como máquina extratora, lavadores de garrafa, rotuladores e tanques de inox, que vão ampliar a capacidade de produção e os serviços aos ofertados olivicultores e produtores de azeite de abacate.

Em 2023, a produção mundial sofreu uma queda brusca em função das mudanças climáticas registradas, principalmente, na Europa – em países exportadores como Espanha, Itália e Grécia.

Por esta razão, os preços dos azeites nos supermercados brasileiros também oscilaram para mais (alta superior a 20% de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas).

“Infelizmente, a perspectiva é que essa alta se mantenha até a recuperação da produtividade nas regiões tradicionais. E temos pela frente outro período de alta demanda, a Páscoa, no qual os preços podem aumentar mais”, avalia o pesquisador Pedro Moura.

O Brasil está entre os países que mais consome azeite no mundo e importa em média 100 milhões de litros por ano. A produção nacional é bastante incipiente e resulta em pouco mais de 500 mil litros/ano.

Como a cultura exige um mínimo de horas de frio, o crescimento das áreas de produção é restrito. O plantio se concentra em regiões serranas como a Mantiqueira e frias como o Sul do País.

“O azeite nacional tem como principal diferencial o frescor. Aqui na Mantiqueira, a atividade está em crescimento, mas não almejamos competir quantitativamente com as grandes regiões produtoras. O objetivo é, sim, marcar espaço pela produção de azeites de elevada qualidade e sabor marcante”, destaca Oliveira.

Os pesquisadores alertam ainda para o risco de fraudes no azeite. O produto, que é um dos mais adulterados no gênero alimentício, tende a ser mais visado nesta fase de alta de preços. “Temos que lembrar que o azeite tem um alto custo de produção e que essa alta de preços é uma tendência mundial, então consumidor tem que desconfiar de preços muito mais baratos do que os comumente praticados”, afirma Oliveira.

Outros aspectos também devem ser considerados. “Há características interessantes a serem observadas no momento da compra, como por exemplo, a data do envase, quanto mais jovens os azeites melhores suas características e frescor. Local de produção e envase, deve se dar preferência a produtos envasados no local de origem, pois o azeite fabricado em um local e engarrafado em outro tem mais chance de ser adulterado ou de ter as características modificadas do que aquele que já está acondicionado no recipiente em que será comercializado”, aponta ele.

Quanto às embalagens é importante que isolem o produto da luz, vidros escuros, por exemplo. Outro ponto a ser observado é a exposição das garrafas no ponto-de-venda, uma vez que o azeite tem que ficar armazenado em local fresco e protegido da luz.

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