por CLAUDIO SCHAPOCHNIK
Já tinha ouvido falar (muito bem) do Sainte Marie, restaurante e rotisserie de comida libanesa raiz nos fundos da Zona Sudoeste de São Paulo. Quando fui lá, constatei que o que dizem é verdade – só que achei muito, muito mais. Que gostooooooso! Na liderança desse lugar sensacional está uma pessoa prá lá de simpática e de bom papo – o chef libanês de origem armênia Stephan Kawijian, radicado no Brasil há muitos anos.

Fui convidado para jantar no Sainte Marie pelo amigo Mauro Tenenbojm, frequentador há mais de 15 anos da casa. Na mesma noite e na mesma mesa estava ainda outro amigo, das antigas, Gilson Suckeveris – que literalmente cruzou a cidade com sua moto, vindo da Mooca.
Vale destacar que Mauro e Gilson conhecem diversos e bons restaurantes, butecos e peéfes e boas lanchonetes, padarias e pizzarias São Paulo afora. Eles asseguram boas dicas quando preciso para ir e, depois, publicar no QUE GOSTOSO!.


“Claudio [ele e nem o Gilson não me chamam pelo meu apelido, Schapo], temos de chegar cedo”, alertou Mauro para mim. E assim foi. Chegamos por volta das 19h, 19h15 numa segunda ou terça-feira. De fato, havia duas mesas ocupadas – em pouco tempo, o restaurante ficou bem movimentado. “Final de semana, a espera é longa. Ainda que valha a pena. Mas o lance é chegar cedo”, completou Mauro.

Antes de chegar ao salão com as mesas, passei pela rotisserie do Sainte Marie. Um lugar cheio de gostosuras de produtos para comer e beber para levar para casa. Há esfihas, pães, doces e outras delícias fabricadas na casa.



CARDÁPIO TEM LINGUAGEM PRÓPRIA
Percebi a simpatia, a história e a criatividade do chef Kawijian quando peguei o cardápio da casa. Características presentes nas descrições dos pratos. Um show de textos autorais com um estilo próprio super bacana.
Leia como ele descreve o Mtabaleh: “Berinjela defumada pediu para a cebolinha dar uma cor para ela, pediu para o limão destacar o alho e o azeite e junto com a essência de romã viveram em paz 27,27”. Demais.


Mais uma, desta vez sobre o basterma: “Carne bovina curada com paprika e alho. Carne que curou a fome de muitos armênios e imigrantes (petit 29,00 e grand 45,00)”. Sensacional. E o do homus: “Afofamento de grão de bico, tahine, alho e al-zeit 23,27”.
Nas páginas do menu, o cliente mergulha na linguagem de Kawijian, que mescla palavras do árabe e francês ao português e com licenças poéticas como “mercizão” (usando o merci, obrigado em francês), para um super agradecimento, e “kokorikó”, como sinônimo de frango.

OS PRATOS DO JANTAR
Eu e meus amigos, Gilson e Muro, pedimos os cinco pratos da página de mezzes, ou seja, as entradas.
Confira: labna, R$ 29 (coalhada seca); babagarouch, R$ 25,25 (“berinjela defumada afofada com tahine, alho e al-zeit”); homus, R$ 23,27; mtabaleh, R$ 27,27; e basterma, R$ 45 – estes três últimos descritos parágrafos acima.
Escolhemos ainda a porção grande do kibe montado (R$ 108), um dos ícone do Sainte Marie.

O Mauro solicitou o único prato quente da refeição: “filet mignon ao seu gosto avec arroz, feijão e fritas, 81,81”. Ele disse que é fã dessa opção.
Para a sobremesa, pedimos uma espécie de torta de pistache – desculpe, caro(a) leitor(a) pelo esquecimento do nome correto e do valor do mesmo.
OS SABORES
Ah, os mezzes do Sainte Marie… Show. Que gostooooooso!
O labna, que chegou à mesa numa forma cilíndrica com uma “piscina” de azeite de oliva no alto e um galhinho de hortelã, tinha consistência bastante cremosa. Ótimo. Que gostooooooso!

O mtabaleh e o babagarouch, onde a berinjela brilha em ambos, se diferem pelo primeiro ter limão e essência de romã e pelo segundo, tahine. Ambos estavam ótimos. Que gostooooooso! Se fosse para escolher um, escolheria o mtabaleh. Que gostooooooso!


O homus estava correto. Muito bom. Que gostooooooso!
Em relação ao basterma, foi minha estreia com essa carne bovina curada. Virei fã à primeira vista. Muito saborosa. Que gostooooooso!


A forma com que o chef Kawijian apresentou o prato agradou demais: cada fatia de basterma virou uma espécie de cone, que foi recheado com coalhada seca e coberto com pistache picado. Na travessa do prato, bastante azeite de oliva. Lindo. Maravilhoso. Imperdível. Que gostooooooso!
E o kibe montado? Na descrição do chef é “carne crú afofado, com carne não crua, tabouleh sem trigo e coalhada”. É um prato de camadas e alto, com o topo coberto por anéis de cebola fritos e crocantes.
Dá um certo dó em desconstruí-lo, mas é necessário para ser saboreado. Quem fez essa operação foi a Simone, atendente super simpática e atenciosa do Sainte Marie.
Quanto ao sabor do kibe montado, estava show. Que gostooooooso!

Em relação ao filé mignon que o Mauro pediu, estava fantástico: macio e de ao ponto para menos. Que gostooooooso! As fritas, fininhas e compridas, pareciam ser cortadas na casa mesma. Crocantes. Que gostooooooso! Não provei o arroz nem o feijão.


Para concluir, dividimos a fatia de uma espécie de torta de pistache. O chef Kawijian não economiza de jeito nenhum: a quantidade da amêndoa é enorme. Quanto ao sabor, estava show. Que gostooooooso!


Percebi também que todos os raminhos de hortelã presentes nos pratos tinham folhas grandes e estavam bem frescos. Pareciam ser colhidos na hora. Fez uma diferença gigante e positiva na apreciação dos mesmos. Que gostooooooso!
Foi um jantar maravilhoso, com comida excelente, ótima companhia dos amigos e ótimo papo com eles. Em relação aos preços, podem ter sido majorados desde que o QUE GOSTOSO! foi à casa.
Sainte Marie… Super recomendo, claro. Stephan Kawijian, mercizão! Você e sua equipe são fantásticos. E chegue cedo, sempre. Pena que fica muito longe da minha casa. Caso contrário, bateria o ponto mais vezes.
SERVIÇO:
Sainte Marie Gastronomia
Rua Dom João Batista da Costa, 70, Jardim Taboão, São Paulo/SP
Tel. (11) 3501-7552
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