por LUCIA GRIMALDI*
Olá, internautas apaixonados por vinho! Todos bem?
Vamos falar hoje sobre Brasília, a capital do Brasil, centro de discussões e decisões políticas… Mas nada de polêmica por aqui: vamos falar do vinho produzido lá.

Alguns anos atrás, quem imaginava produzir vinho no Cerrado? Hoje isso é uma realidade, uma deliciosa realidade!
A Syrah é a casta que melhor se adaptou às condições climáticas do bioma brasileiro, mas diversas castas estão sendo plantadas na região.
Há diversas vinícolas em e ao redor da capital brasileira, inclusive um grande projeto que reúne dez delas num único empreendimento: a Vinícola Brasília. A região central do País entra de forma definitiva na rota enoturística!
Tive a oportunidade de visitar o charmoso Vinhedo Lacustre e fui recebida pelo proprietário Marcos Ritter, que continua o projeto do pai, Odelmo de Gregório, um ortopedista apaixonado por vinhos.

Em um ambiente pra lá de agradável, acompanhados por uma linda cesta de piquenique, Ritter me contou um pouco sobre o empreendimento.

A propriedade de dois hectares está localizada a 16 quilômetros do centro de Brasília, a 1.060 metros de altitude, em um terreno inclinado e rodeado por mata nativa. Possui cerca de um hectare plantado com as uvas de mesa Isabel e Lorena, na área mais baixa, e com uvas viníferas, como Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinotage, Marselan, Cabernet Franc e Sauvignon, Blanc – estas últimas três enxertadas há pouco tempo, nas áreas mais altas.
Segundo Ritter, a Pinot Noir não se adaptou bem ali, o que era de se esperar desta casta de pele fina e maturação precoce. Além disso, a Merlot é plantada com exclusividade no Vinhedo Lacustre.


Nos vinhedos das uvas de mesa foi utilizada a condução em pergolado. Para as viníferas, a manjedoura em forma de “Y”. O vinhedo é acompanhado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O objetivo do vitivinicultor é prezar pela qualidade e não pela quantidade de produção.


O cultivo é de baixa intervenção. A dupla poda garante a colheita das uvas com maturação ótima em agosto, mês sem chuvas. Noites frias e dias com alta insolação garantem uvas com boa concentração de açúcar, polifenóis e alta acidez, o que é muito importante para um vinho de qualidade. Afinal, a qualidade do vinho está no vinhedo!
O solo é forrado por amendoim forrageiro e braquiária, que fornecem importante aporte de nitrogênio para a videira e, quando necessário, é usada microaspersão.
Os passarinhos são uma preocupação constante para Ritter, afinal eles amam uvas. A solução encontrada foi cobrir os vinhedos com uma proteção de tela, especialmente os de uvas de mesa.

A Lacustre também investe no enoturismo e, para isso, conta com o enólogo Carlos Sanabria, de Bento Gonçalves (RS), com larga experiência na área. Ele trabalhou 12 anos na Família Valduga, referência em enoturismo no Vale dos Vinhedos.
Sanabria foca na produção de vinhos de inverno e vinhos de altitude, varietais das castas Syrah, Merlot e Cabernet Sauvignon.

A produção é de cerca de 1.500 garrafas de vinho por ano. Além dos vinhos, é produzido suco com as uvas Isabel.
Visitei a sala de microvinificação da Lacustre, com uma temperatura controlada de 16°C e barricas de uso único de vinhos de Pinot Noir rosè vindas de Caxias do Sul (RS), onde Sanabria está realizando diversas experiências.

Tive a oportunidade de provar, diretamente do recipiente de fermentação, o vinho laranja, elaborado com uvas Viognier provenientes dos vinhedos da vinícola Rio Sol.

Segundo Ritter, os vinhos tintos são vinificados no próprio Vinhedo Lacustre. O espumante e o vinho rosè são feitos em uma vinícola de porte semelhante em Monte Belo do Sul (RS). O espumante da minha cesta de piquenique foi elaborado com a casta Chardonnay e um toque de Sauvignon Blanc.

Levei para casa uma garrafa do ícone do vinhedo: o vinho Solo Fértil, um varietal da uva Syrah.

Com uma cor rubi brilhante, apresentou aromas e sabores de frutinhas vermelhas, como morango e cereja, ameixa, especiarias doces e picantes, como alcaçuz, e sutis notas de chocolate amargo. Depois de um tempinho na taça, também surgiram toques mentolados. Um vinho jovem, com muito frescor e tão adorável ao olfato quanto ao paladar. Detalhe: é um vinho sem sulfitos!

No winegarden são oferecidos cursos, degustações guiadas com o enólogo Sanabria, bufê no mirante, que dá vista para o Centro de Brasília, piquenique no vinhedo, brunch e, muitas vezes, com um belo acompanhamento musical.


Vale a pena conhecer o Vinhedo Lacustre!

Um brinde!
*LUCIA GRIMALDI, colunista de enologia do QUE GOSTOSO!, é sommelière formada pela ABS, graduada e pós-graduada em fonoaudiologia e direito e possui a certificação internacional Wine & Spirit Education Trust (WSET) nível 3. Contatos: grimaldipervino@gmail.com e o @grimaldipervino
SERVIÇO:
Vinhedo Lacustre
Visitas somente por agendamento
Whatsapp: (61) 98145-9929
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Legal@!! Uma visão outside da política
Bj amiga
Excelente matéria!
Feita por quem entende de vinhos, consegue informar os pontos importantes no cultivo da uva e na elaboração do vinho! 👏👏👏👏👏