por CLAUDIO SCHAPOCHNIK*
Com ambiente lindo, baseado em muitos vasos de plantas da Mata Atlântica, e cardápio com influências litorâneas e do interior paulista, também valorizando os pequenos e médios produtores locais — ambos os aspectos implantados recentemente —, o restaurante Terraço Jardins merece uma visita, sim. Sob a batuta do chef Ícaro Rizzo, a casa do Renaissance São Paulo Hotel entrega muito bem o que faz com atendimento ímpar. Semanas atrás visitei o estabelecimento e agora conto pra você, caro(a) leitor(a), como foi o meu mais que jantar, pois foi uma experiência culinária agradabilíssima.
Quem não vai ao Terraço Jardins, que comporta 180 pessoas e fica no térreo do hotel, há mais de quatro meses, vai notar que o salão mudou radicalmente.
As plantas marcam presença de forma harmoniosa por todo o espaço. Estantes com os vasos delimitam o layout criando vários ambientes. Vale destacar ainda os belos lustres — alguns de vime charmosos e bem grandes.


Em relação ao novo cardápio, o chef Rizzo me contou, numa entrevista aqui no QUE GOSTOSO!, que “houve muito estudo, muita pesquisa e muito teste. Quando temos uma ideia, testamos ela na base da exaustão até chegar no melhor resultado”. Segundo ele, o Terraço Jardins pratica “uma cozinha muito fresca e com pouca manipulação”.

COUVERT E ENTRADA
Fui recebido na entrada do restaurante pela hostess Fabiana Casturina e, depois, pelo maître da casa, Rodrigo Silva.
Meu jantar teve o serviço completo: couvert, entrada, principal e sobremesa. A mesa reservada pelo restaurante tinha uma placa com meu nome escrito a mão. Simpático.


O couvert estava ótimo. Era formado por uma cesta de variados pães e quatro itens (maionese caseira, de ovos caipiras; manteiga; dentes de alho confitados; e geleia de pimenta). Tudo muito saboroso.
Adorei o pão de queijo, o pão de linguiça e de castanha. Em relação aos demais itens, gostei mais do alho, com aquele azeite de oliva que pega o gosto do mesmo, e da geleia de pimenta, docinha e com uma leve picância ao final. Que gostooooooso!
Antes de pedir as entradas, o garçom André Lima me trouxe, de surpresa, um acepipe de fato diferente e muito bom: bolinho de batata com taioba coberto com maionese de manjericão.
Foi a primeira vez que comi essa folha e gostei. O bolinho, nas cores verde e branco, é delicado. Show. Que gostooooooso!


Sobre as entradas, pedi um peixe e um bolinho com raízes na Vale do Paraíba, ladeado de um lado pela Serra da Mantiqueira e do outro, pela Serra do Mar.
A entrada de peixe foi o atum do pescador (R$ 89), servido com abacate, castanha do brasil, limão e azeite de oliva; e o bolinho foi o caipira (R$ 44, porção com seis unidades), recheado com carne e milho e servido com molho de pimenta.
O atum do pescador chegou à mesa lindamente: como uma tela de um pintor que acabou de concluir seu trabalho. Percebi que há todo um cuidado em montá-lo. Lindo demais.
As fatias de atum, com espessura entre o carpaccio e o sashimi, cobrem o prato. Em cima, há o azeite, molhos, tomate-cereja e folhas de rúcula. O toque final foi dado à mesa pelo cozinheiro Vinícius Manzolino, que raspou a castanha do brasil por cima.
Esta entrada é acompanhada com uma cestinha de três tipos de chips: batata doce branca, batata doce roxa e mandioquinha.
Com o auxílio do garfo, colocava uma fatia do espetacular atum sobre um dos chips e comia. Maravilhoso! Que gostoooooooso!
Na noite do jantar, o trio de chips fugiu ao padrão: a batata doce roxa foi substituída pela banana da terra. Para mim, sem qualquer problema. O bacana também desta entrada é mesclar o macio do atum com o crocante dos chips. SENSA!


Em relação aos bolinhos caipiras: massa macia, bem frito sem chegar queimado, recheio farto e bem temperado e delicioso molho de pimenta. Que gostooooooso!

Para beber, fui de água e um drinque preparado pelo bartender da casa, o Leonardo Ishizako: rabo de galo (R$ 41) preparado com cachaça de jabuticaba, cinzano, cynar e angostura.
A bebida tinha uma cor linda de âmbar e um gostoso sabor. Que gostooooooso! No layout novo do Terraço Jardins, o espaço do bartender foi para o salão.

PRINCIPAL
Como prato principal, fui novamente do mar: peixe do dia e camarão grelhado (R$ 81), servido com chips de banana da terra e molho de moqueca e acompanhamento de arroz branco.
Quando li “molho de moqueca” no menu, meu radar mental entrou em ação no mesmo segundo: “será que vem coentro?”. Por vias das dúvidas, solicitei ao garçom Lima para que meu pedido viesse sem folhinhas da erva que não gosto. Assim foi feito.
O prato estava bem montado e bonito, com pimentas biquinho e folha de beterraba, e o sabor do peixe, ótimo, com um molho de moqueca suave. A posta era crocante por fora e macia e molhadinha por dentro. Que gostooooooso!

SOBREMESA
Ao almoçar ou jantar no Terraço Jardins, deixe um espaço para a sobremesa. Realmente, ficaria arrependido se não provasse as duas opções para fechar minha refeição.
Ambas as opções têm tudo a ver com São Paulo: torta de brigadeiro (R$ 25), servido com calda quente de chocolate, uma receita que veio do bairro paulistano do Pacaembu, pertinho do restaurante inclusive; e o pingado (R$ 23), nome do café com leite servido no copo de vidro nas padarias paulistanas, que são duas estruturas de massa inspiradas nos italianos cannoli — um recheado de creme de café e o outro, de ricota artesanal. Daí o preto e branco, do café e leite da bebida.
O belo pedaço da torta de brigadeiro chegou à mesa brilhante por causa da luz refletindo na calda de chocolate. A base da mesma é de, nada mais nada menos, que castanha de caju com Nutella bem compactada. Você tem noção do que é isto? Que gostooooooso!
Absolutamente maravilhosa.


O pingado foi, sem dúvida, o destaque entre as duas sobremesas. Criatividade de tirar o chapéu e um sabor extraordinário. Recheios cremosos de ricota e café, massa fina e crocante, açúcar de confeiteiro… Só coisas muito boas. Que gostooooooso!
Pedido crucial. Imperdível.

Ao invés de encerrar a refeição com o tradicional cafezinho, fui na dica de um drinque do bartender Ishizaki, que o chamou de Expresso Pessegueiro (R$ 41).
É preparado com cachaça de cumaru (semente odorífica originária da Amazônia), xarope de açúcar, licor de café produzido com os grãos da Fazenda Pessegueiro, localizada na cidade de Mococa. E finalizado com nibs de café.
Bebida saborosa, com predominância do café e da cachaça ao final, bem suave. Que gostooooooso!

ATENÇÃO AO CLIENTE
No maravilhoso jantar no restaurante vale outro registro, além do gastronômico: o atendimento.
Eu gosto de conversar com quem trabalha em restaurantes e bares. Não apenas pelo fato de ser jornalista e, muitas vezes, ouvir outras histórias que possam contribuir para o meu texto ou a minha experiência culinária, mas porque acredito que faz parte de uma refeição.
Claro, isso ocorre quando ambas as partes se permitem. Quando não, o serviço ocorre também, geralmente correto porém diferente. No Terraço Jardins, já que me permiti ao diálogo, constatei que os colaboradores também se permitiram. E os papos que rolaram foram muito bacanas e só acrescentaram para tornar a experiência bem bacaba.


Da pergunta se estava tudo bem, com o mâitre Silva e o chef Rizzo ou da explicação sobre as entradas com o cozinheiro Manzolino, surgiram altos papos.
Em relação ao cozinheiro, a conversa foi da gastronomia para a esfera familiar. Quando ele explicava sobre a gastronomia do Vale do Paraíba, disse que meu falecido pai, Edison, nasceu na região, na cidade de Cruzeiro. Aí, para minha surpresa, o cozinheiro disse que sua família, ou parte dela, é do mesmo município, que ele adorava ir na fazenda do avô etc.
Lembranças agradáveis… Que não as gosta?
Depois de tudo isso, só posso super recomendar o Terraço Jardins. A casa, de fato e de direito, me surpreendeu. Bravo.

*A reportagem do QUE GOSTOSO! jantou a convite do Renaissance São Paulo Hotel
SERVIÇO:
Terraço Jardins — Renaissance São Paulo Hotel
Alameda Santos, 2.233, Jardins, São Paulo/SP
Tel. (11) 3069-2233
www.restauranteterracojardins.com.br
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