por CLAUDIO SCHAPOCHNIK_Domingos Martins/ES*
Na Fazenda Camocim, nas Montanhas Capixabas, é produzido um dos cafés mais exóticos e raros do Brasil e do mundo: o do jacu – ave de grande porte do gênero craciforme, de penas escuras com o papo vermelho e que habita em florestas.
Na presstrip da qual fiz parte, realizada em novembro de 2023, ocorreu uma visita na fazenda para conhecer como é o processo produtivo do café do jacu e, claro, prová-lo.
O grupo foi recebido pelo proprietário da Fazenda Camocim, Henrique Sloper. Os mais antigos lembrarão: o sobrenome dele batizou uma rede de lojas de departamentos, a Casa Sloper, muito famosa décadas atrás. Havia lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eu me lembro da Casa Sloper que havia na Avenida Paulista.
Todo o café produzido nos 170 hectares da Camocim, onde 8% é de floresta original e preservada, é orgânico e biodinâmico. Além do café do jacu, há cafés especiais.
“Não usamos química desde 1962”, assegurou Sloper. Sua produção detém certificações que atestam a o caráter orgânico e biodinâmico.
Os cafeeiros estão em meio a outras espécies de árvores, um consórcio que recebe o nome de agrofloresta. “Catalogamos mais de 80 espécies de aves e, entre esses pássaros, os jacus”, disse Sloper.
“Temos dois hectares de café selvagem, que foram ´plantados´ pelos jacus”, garantiu ele.
Segundo o superintendente agrícola da propriedade, Rogério Lenke, havia 80 jacus na fazenda em contagem feita em 2021. Ele conduziu a visita logo após as boas-vindas de Henrique Sloper.
E o que faz o café do jacu ser tão raro e exótico? Basicamente, pela ação que o aparelho digestivo da ave promove nos grãos, trazendo novos sabores à posterior bebida.
“O jacu só come o fruto do cafeeiro que está no ponto, o bicho é danado”, explicou Lenke. O nome no Brasil vem do tupi ya´ku.
Depois da digestão, o grão é defecado junto com as fezes da ave e está envolto numa película chamada pergaminho. Visualmente, parece um pé de moleque.
Dessa forma, o excremento é colhido manualmente e levado para a secagem ao sol. Após essa etapa, o café passa um tempo numa câmara fria e segue para o processamento – separação dos grãos, seleção, torrefação, moagem, coagem e embalagem.
O quilo do café do jacu alcança o valor de R$ 1.180 no Brasil, e a Fazenda Camocim exporta o produto para vários países como Estados Unidos e França.
A prova da exótica bebida ocorreu na moderna cafeteria e loja da fazenda. Num projeto arquitetônico de muito bom gosto, a edificação se projeta para um lago e, na decoração, há vários quadros com ilustrações dos jacus.
Foi nesse cenário que provei duas xícaras do exótico e raro café, sem açúcar. De cor cobre, a bebida é suavemente doce e traz um sabor muito bom. Gostei. Que gostooooooso!
Uma visita guiada à Fazenda Camocim vale demais. Super recomendo. Uma experiência fascinante.
*O QUE GOSTOSO! viajou a convite do Sebrae/ES, da Secretaria de Turismo do Estado do Espírito Santo e do Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau
SERVIÇO:
Fazenda Camocim
Para informações sobre a visita guiada: Whastapp (27) 99831-4502
Site e loja online: www.cafecamocim.com.br