Delicioso livro “Sabores Belgas no Brasil” vai além do waffle

por Claudio Schapochnik

No final do anos 1970 e início dos anos 1980, recordo que meu querido pai, Edison (1931-2014), me levava para comer uma massa assada no formato circular e com as marcas lembrando um jogo da velha. Era coberta com uma bola de sorvete – pedia de flocos ou baunilha – e fios generosos de chocolate e marshmallow. O local desses “doces encontros” era a lanchonete Jotas, uma rede que não existe mais. Meu pai me levava mais na unidade que, se não me engano, era a matriz: a localizada na Vila Buarque, bairro da região central de São Paulo. Pois bem, o nome dessa sobremesa é waffle, e a origem vem de um país europeu – a Bélgica. Só vim a saber isso muitos anos depois, assim como que a batata frita também foi criada por lá. Para quem quer conhecer toda riqueza do universo gastronômico belga, que vai muito além do waffle e das fritas, o livro Sabores Belgas no Brasil é um prato cheio. A obra leva a assinatura do escritor Marc Storms – nascido na Bélgica e radicado no Brasil desde 2006.

A linda e apetitosa capa do livro de Storms (fotos Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)
Propaganda antiga da lanchonete Jotas, onde meu pai me levava para comer waffle (imagem de www;motostory.com.br)

O lançamento da obra ocorreu em novembro do ano passado na Residência Oficial do Consulado do Reino da Bélgica em São Paulo, no Jardim Europa, na Zona Sul da capital paulista. Na ocasião, onde estive presente, a noite de autógrafos ocorreu em paralelo a um coquetel com as delícias belgas que o autor tão bem conta no seu livro – batata frita, cerveja, chocolate, endívia, waffles etc.

“Quando me perguntam sobre o prato típico do meu país, respondo que não há um, mas algumas. Veja a cerveja, por exemplo: temos mais de 1.600 rótulos!”, disse Storms na ocasião, quando apresentava a sua obra. “De uns anos para cá, no Brasil, vejam como o chocolate belga adquiriu popularidade”, emendou o autor.

O autor, Marc Storms, e sua obra
No início do texto, o waffle de Bruxelas, que é retangular; acima, o waffle de Liège, redondo – o que era servido no Jotas

De acordo com Storms, Sabores Belgas no Brasil é basicamente dividido em três partes: 1) DNA da culinária belga, onde ele discorre sobre ícones, além dos já mencionados, como couve-de-bruxelas; 2) dez chefs nascidos na Bélgica e que vivem e trabalham no Brasil, onde aborda ainda os restaurantes e as receitas; e 3) migração belga ao Brasil.

Estou lendo o livro e asseguro que é uma fonte de informação muito interessante não apenas pelo foco na gastronomia, mas pela ligação entre a Bélgica e o Brasil em vários outros temas.

Vale destacar que o livro, fruto de muita pesquisa, é bastante ilustrado e oferece muito serviço ao leitor, como os endereços dos restaurantes belgas no Brasil. Vale, sim, lê-lo!

O casal anfitrião da noite de lançamento do livro de Storms: o cônsul geral do Reino da Bélgica em São Paulo, Matthieu Branders, e sua esposa, Erika Garcia
Cerveja que bebi no lançamento: bebida é outro ícone belga

O AUTOR
Marc Storms é formado em biblioteconomia, trabalhou por mais de 25 anos no setor de Bibliotecas, e, de 1983 a 2005 foi coordenador e diretor da Associação Flamenga de Bibliotecários e Arquivistas (VVBAD). Em 2006 chegou para um ano sabático em Salvador e após este período decidiu permanecer no Brasil.

Desde 2014, pesquisa, descreve e divulga a rica e diversificada herança belga no Brasil, e coordena o projeto Patrimônio belga. Por sua pesquisa sobre a Vila Belga em Santa Maria (RS), Storms recebeu do príncipe Lorenz, da Bélgica, em 2017, o “Prêmio do Patrimônio belga no Exterior”.

Em 2018, publicou o livro Ad. H. van Emelen: A trajetória de um artista belga em São Paulo, com a biografia e as obras mais significativas do artista.

SERVIÇO:
Sabores Belgas no Brasil
Edição do Autor, São Paulo, 2019
Texto em português, com resumo em francês e neerlandês
128 páginas
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