por Lucia Grimaldi*
Olá, internautas amantes do vinho! Hoje vou falar sobre uma harmonização magnífica: vinho e cinema. Antes de me tornar apreciadora desta bebida maravilhosa, eu já era apaixonada pela sétima arte. Em outras palavras: hoje, além de cinéfila, sou também enófila!
E nada melhor que assistir a um bom filme degustando um bom vinho, não acham? Para ilustrar esta paixão, vou contar a vocês sobre o coquetel de pré-estreia do Festival Varilux de Cinema Francês 2019. O evento ocorreu na noite da última quarta-feira (dia 5 de junho), no Moviemax Rosa e Silva, em Recife, em parceria com o Empório Tia Dulce e a Importadora Berkmann Wine Cellars Brasil e apoio do Consulado Geral da França para o Nordeste – Recife. Aproveitem as “enocinedicas”!

O Festival Varilux de Cinema Francês chega este ano à décima edição e celebrará mais de um milhão de espectadores. Somente no ano passado, reuniu cerca de 180 mil. É o maior festival de filmes franceses do mundo e um dos eventos de cultura francesa de maior destaque no Brasil. Além disso, este ano o festival faz parte das comemorações do aniversário de 230 anos da Revolução Francesa. E nada melhor do que brindar tantos números com um bom vinho, não é mesmo?

Segundo o catálogo do festival, 84 cidades, 122 cinemas e 21 unidades culturais do Sesc participarão do evento no Brasil.
Assim como acontece com os vinhos, haverá estilos de programação para todos os gostos: comédia, drama, romance, animação e drama histórico, representando toda a diversidade da cinematografia francesa.
Em minha opinião, os filmes franceses primam pela abordagem social e cotidiana, conquistando espectadores pelo mundo afora desde sempre. E, também como os vinhos, sempre há um estilo que combine com o seu.
Confiram a programação completa no www.variluxcinefrances.com.
O espaço Moviemax Rosa e Silva de Cinema foi muito feliz em começar o festival com um maravilhoso coquetel para os fiéis espectadores, numa pré-estreia cheia de charme e elegância. As salas são muito aconchegantes, e o atendimento ao espectador prima pela qualidade. Além da programação comercial, sempre é possível assistir a filmes do circuito alternativo e longas nacionais e europeus. Um paraíso para os cinéfilos de carteirinha.



O coquetel ficou por conta do Empório Tia Dulce Gastrô e Vinhos, com sede na cidade histórica de Olinda (PE), que há 40 anos oferece um serviço diferenciado em coffee break, doçaria, buffett, jantares e vinhos.




O vinho italiano Nina, da região do Vêneto, é um corte das uvas catarrato e pinot grigio, fermentado em tanques de aço inox. É leve, refrescante, tem aromas de frutas, como maçã, pêra e pêssego branco e notas florais, lembrando acácias. Na boca é frutado, macio, com corpo médio e final agradável. Ideal para climas quentes e para ocasiões informais, é um ótimo parceiro para acompanhar aperitivos, saladas e frutos do mar.

Lembrando que a coluna é sobre enologia, não podia deixar de falar sobre alguns detalhes destas duas castas um tanto quanto incomuns para quem está começando a bebericar!
Apesar de o nome soar meio estranho em português, a uva branca catarratto é a espécie Vitis vinifera italiana mais cultivada na ilha da Sicília. Tem aromas e sabores cítricos, características estas que dão refrescância e leveza ao vinho, seja varietal, seja em um corte.
Sua parceira no Nina é conhecida por dois nomes: pinot grigio, na Itália, e pinot gris, na França. Trata-se de uma casta tinta Vitis vinifera que surgiu, acredita-se, da mutação genética natural da clássica uva pinotnoir, na região da Alsácia. Apesar de tinta, é usada na elaboração de vinhos brancos com características cítricas e refrescantes e acidez picante.
O interessante é notar que, dependendo da origem, italiana ou francesa, os vinhos terão características diferentes, o que resultará em estilos distintos: o “estilo pinot grigio” é mais seco, com boa acidez, leve e com aromas quase neutros, enquanto o “estilo pinot gris” é mais frutado, aromático e encorpado que seu irmão italiano. Atualmente é cultivada em diversas partes do mundo e, dependendo da região, dará origem a vinhos no estilo italiano ou no francês.

O vinho tinto português Rosário da Casa Ermelinda de Freitas, Península de Setúbal, é um corte das castas tintas castelão (50%), touriga nacional (20%), syrah (20%) e cabernet sauvignon (10%). Fermentado em cubas de inox e com maceração prolongada, estagia por quatro meses em meias pipas de carvalho francês e americano. Para quem não lembra o que é maceração: trata-se daquela etapa no processo de vinificação em que o mosto é mantido em contato com as cascas (peles) das uvas, para dar-lhe cor e sabores. É um vinho com boa estrutura, de cor rubi, com aromas de frutas vermelhas maduras e em compota e notas de especiarias doces, principalmente baunilha. Apresenta acidez equilibrada, com taninos bem integrados, em um final longo, o que significa que as características e qualidades permanecem na boca por algum tempo. É um exemplar bastante gastronômico, harmonizando bem com carnes, queijos e embutidos.
Além dos vinhos tranquilos, foi servido o espumante branco argentino Mumm, oferecido pelo Consulado Geral da França para o Nordeste – Recife. Trata-se de um espumante tipo brut elaborado pelo método charmat com as castas clássicas chardonnay e pinot noir. Aguardem a matéria sobre espumantes, onde falarei sobre os métodos de elaboração e sobre a máxima de que todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne.

Espero que vocês tenham gostado desta harmonização de vinhos com cinema! Contem pra gente!
Santé!
*Lucia Grimaldi, colunista do Que Gostoso!, é graduada e pós-graduada em fonoaudiologia e direito e possui a certificação internacional Wine & Spirit Education Trust (WSET) nível 2. Contatos: grimaldipervino@gmail.com e o instagram @grimaldipervino