por Claudio Schapochnik_Lisboa/PORTUGAL
Parece que o meu amigo brasileiro Alex Souza, jornalista radicado em Portugal há alguns anos, adivinhou que eu e minha esposa estávamos com vontade de comer arroz, feijão e uma boa carninha assada nesta curta estada na capital lusitana. Ele indicou para o nosso almoço, realizado no final de janeiro de 2019, o restaurante Zé da Mouraria. Que gostooooooso! Lugar ímpar, comida saborosa, porções fartas e preço justo.
A casa fica no tradicional bairro da Mouraria. Este pedaço montanhoso de Lisboa, cheia de ruelas e travessas, tem este nome devido à reconquista da cidade das mãos mouras (árabes) liderada por dom Afonso Henriques ou Afonso 1° (1109-1185), o primeiro rei de Portugal de 1139 até sua morte.

Liderado pelos portugueses e auxiliada por tropas de outros países europeus, o cerco a Lisboa durou de julho a outubro de 1147. Após a derrota dos mouros, dom Afonso Henriques reuniu os muçulmanos neste que seria o bairro da Mouraria.
A batalha se insere na Reconquista cristã da Península Ibérica, já que os (mouros) árabes dominaram quase a totalidade dos reinos de Portugal e da Espanha desde o século 8 até a expulsão final de toda o território, no final do século 15.
Voltando ao Zé da Mouraria, o Alex, pelo WhatsApp, me recomendou chegar cedo. “A casa enche fácil”, me escreveu o Alê – como eu o chamo. Eu e minha esposa não conseguimos chegar no horário marcado, numa praça a meio caminho do restaurante; no entanto, tivemos sorte: havia uma mesa boa para nós.


CARDÁPIO
Logo que sentamos à mesa, um dos garçons já trouxe o couvert. Não gosto muito desta prática. Perguntar se queríamos ou não soaria mais educado, com a explicação do custo por pessoa ou do couvert como um todo. De todas as formas, se não quiser, o cliente diz apenas “não”. Assunto encerrado. E lá, o garçom não fica com a cara feia, como às vezes ocorre no Brasil.
Naquele almoço, ao contrário, decidimos ficar com o couvert e até com o pedaço de queijo. A fome era “braba”. Mas o melhor estava para vir.

Na hora de ler o menu, o Alê confirmou se podia pedir o prato que pensou para aquela refeição: picanha à casa (€ 19,50) – como em Portugal se diz o nosso picanha da casa. Ele já havia me escrito que era muito boa e super bem servida. Sim, o almoço foi mais brasileiro que português, mas tudo bem. Valeu demais!
Assim pedimos a picanha, guarnecida de arroz e feijão preto. Pedimos ainda uma salada mista grande (tomate, cebola e alface – a preferida de meu saudoso pai, Edison, falecido em 2014). Simples assim, estava ótima. Para beber, fomos de água.


PRATOS NA MESA
A picanha chegou numa travessa cheia de molho da própria carne. Não demorei um segundo: peguei um pedaço de pão e embebi naquele caldo cheio de alho e outros temperos… Sensacional!
A porção da carne era bem servida, deu pra gente comer e repetir numa boa. A proteína chegou quente à mesa, mas uma hora pedimos para esquentar um pouco. Fazia frio naquele dia em Lisboa.
O arroz e o feijão preto nos lembrou a terra natal comum dos três amigos à mesa. Delícia sentir o gosto desta super dupla após dez dias de viagem em Israel veio bem a calhar. Lisboa era a escala de nossa volta para São Paulo.
Quando veio a conta (€ 40,50), rachamos o valor e deu um total de € 13,50 para cada um. Nada de absurdo, ainda mais por ter carne bovina de qualidade. Mas, de fato, rever um amigo e ter bom papo ao redor da mesa não tem preço, né?


Assim como o Alê, recomendo o Zé da Moraria. Fica pertinho da Praça Martim Moniz.


SERVIÇO:
Zé da Mouraria
Rua João do Outeiro, 24/26, Mouraria, Lisboa, Portugal
Abre de segunda a sexta, das 12h às 16h; fecha aos domingos
Em Lisboa, o Que Gostoso! hospedou-se no Hotel Tivoli Avenida Liberdade a convite da direção do estabelecimento