Consumo de cachaça no País registra queda de 23,8%

O setor da cachaça (foto acima/reprodução) registrou queda de 23,8% no consumo da bebida em 2020, sendo a maior registrada nos últimos cinco anos. Os dados são do relatório anual da Euromonitor International, líder global no fornecimento de pesquisa de mercado. Segundo a Euromonitor, o tamanho de mercado de cachaça no Brasil em 2020 foi de 399 milhões de litros.

De acordo com o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima, “a queda é o resultado de vários fatores, em especial, o fechamento de bares e restaurantes em virtude da crise gerada pelo novo coronavírus e de outras restrições ao consumo de bebidas alcoólicas, que afetou diretamente o setor da cachaça, que tem nesses locais os seus principais canais de distribuição, uma vez que representam 70% das vendas da bebida”.

“Em 13 meses de pandemia (abril/2020 a abril/2021), os bares e pontos de dose de cachaça ficaram fechados em média dez meses, com variações pontuais de cidade para cidade”, completa Lima.

CARGA TRIBUTÁRIA E CONCORRÊNCIA
O diretor pontua ainda que a pandemia agravou um setor “já castigado”. Segundo ele, formado por micro, pequenas, médias e grandes empresas, “o mercado produtor de cachaça já enfrentava dificuldades em função da alta carga tributária quando, em 2015, foi afetado consideravelmente por aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que resultou, em alguns casos, em um aumento superior a 200% só no valor do IPI pago”.

“A cachaça é hoje um dos produtos mais taxados do Brasil. Considerando apenas os principais impostos (PIS, Cofins, ICMS e IPI) e, com base em alíquotas nominais, tendo como referência o Estado de São Paulo, a carga direta do setor é de 59,25%. Considerados impostos diretos e indiretos esse número ultrapassa 80%”, explica Lima.

“A categoria de cachaças no Brasil, apesar de representar a grande maioria dos destilados consumidos, ainda é muito dependente do consumo fora do lar, em bares e restaurantes, e vem sofrendo com a competição de novos produtos que entraram no mercado recentemente, como o gin e o aumento no consumo de uísque. Além disso, é uma categoria que opera com preços mais baixos, o que prejudica a margem e a faz sensível às mudanças drásticas do mercado, como foi o caso em 2020, com a pandemia”, finaliza o analista de Alcoholic Drinks da Euromonitor International, Rodrigo Mattos.

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