por CLAUDIO SCHAPOCHNIK
Depois de três anos e adiado três vezes por causa da fase mais aguda da pandemia de covid-19 (que não acabou!), a segunda edição do super evento de enoturismo e turismo enogastronômico do País foi realizada no dia 11 deste mês de abril no Hotel Unique, em São Paulo. Realizado pela agência de marketing e comunicação especializada em turismo e gastronomia Cap Amazon, liderada por Jean-Philippe Pérol, o Invino — Encontro Enoturístico Internacional da América Latina tem como objetivo unir destinos e vinícolas aos agentes de viagens e operadores de turismo e à imprensa. E, para todos os atores, as experimentações enogastronômicas. A organização assim o fez com maestria, da mesma forma como na primeira edição em 2019. O QUE GOSTOSO! foi convidado, esteve presente e agora conta como foi. Senti um clima de otimismo.
Na abertura, Pérol saudou os convidados — sim, eles são escolhidos a dedo —, e falou de retomada. “Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), estamos hoje em 2/3 do movimento pré-covid 19”, disse o também diretor do Invino. “No Brasil observamos uma recuperação mais rápida, sobretudo relativo às classes A e B”, emendou ele.


TENDÊNCIAS
Pérol compartilhou com o público quatro tendências que foram “aceleradas” por causa da pandemia do novo coronavírus. Confira: “1) Turismo doméstico; 2) volta à natureza; 3) experiências humanas; e 4) exigência de conteúdo”.
Dentro desse cenário de tendências, o enoturismo e turismo enogastronômico têm grande presença. E foi isso que os profissionais de turismo, além de painéis e degustações, conversaram com os expositores no Invino, como hotéis, operadoras de receptivo, empresa de aluguel de carros, representações de regiões e países, vinícolas, restaurantes etc.
Um dos aspectos interessantes da dinâmica do Invino é justamente esses encontros de negócios, para movimentar o enoturismo nacional e internacional.


OITENTA MILHÕES DE ENOTURISTAS
Pérol citou ainda números impressionantes do mercado de enoturismo no mundo. Há cerca de 80 milhões de viajantes, liderados pelos europeus, onde o vinho — e temas associados como vinícolas, degustações com sommelier e sommelière, hotéis charmosos, chefs, refeições harmonizadas etc — é o foco da viagem.
“Desse total 30 milhões estão nos Estados Unidos e 2 milhões no Brasil; o enoturismo gera ao redor de US$ 50 bilhões em receita por ano no mundo”, emendou o diretor do Invino.
De acordo com Pérol, “mais da metade das vinícolas estão abertas ao turismo no mundo e, de 20% a 50% das vendas dessas empresas são para esse público”. Incrível.
“Foi complicado chegar até aqui”, finalizou ele sobre o evento em relação ao cenário da pandemia. Foi complicado, mais chegou. E com louvor.


BORBULHAS
Nas alturas — O diretor geral para América do Sul do grupo aéreo Air France-KLM, Manuel Flahault, baseado em São Paulo, deu números impressionantes sobre o consumo de vinhos a bordo da frota da Air France. “A cada ano, são consumidos 800 mil garrafas de vinhos nas classes business e primeira e outras 750 mil garrafas de champagne nas três classes.” O grupo é patrocinador do Invino.
Garzón na capital — O diretor de Hospitalidade da Bodega Garzón, Nicolás Kovalenko, disse ao público que a icônica vinícola uruguaia, localizada em Maldonado, estará presente também na capital do país, Montevidéu. Será a Casa Garzón. Mas não deu nenhuma pista de como será. Apostas?

Brasileiros na Cité du Vin — Segundo a gerente de Marketing e Parcerias da Cité du Vin, Florence Maffrand, os brasileiros somam 4.000 visitante por ano na atração em Bordeaux (França).
Degustação da Chandon — Uma das marcas da holding de luxo francesa LVMH, a Chandon patrocinou o Invino e teve uma disputada sala de degustação com quatro espumantes gaúchos. Tudo sob os cuidados do enólogo da Chandon Brasil, o francês François Hautekeur. Também houve quatro saborosos “Chandon Breaks” durante o evento. Assim como no primeiro Invino, o simpático Davide Marcovitch, agora presidente da Moet Hennessy para América Latina, África, Oriente Médio e Canadá, esteve presente.


Almoço da Borgonha — A refeição foi maravilhosa e contou com o patrocínio da região francesa. O serviço de quatro pratos teve a assinatura do chef francês do Hotel Unique, nascido em Auxonne (Borgonha), Emmanuel Bassoleil. Foi harmonizado com vinhos de lá, claro!
Confira o menu: croûte de cogumelos silvestres e queijo Comté (entrada); frango ao molho de vinho tinto e batata gratinada (principal); queijo de cabra com folhas, azeite de ervas e nozes (salada de queijo); e sopa de frutas vermelhas com pinot noir, licor de cassis Fromage Blanc e pain d´épice (sobremesa).
Os vinhos servidos foram esses: Cremant de Bourgogne, Marsannay Blac 2016; Fixin Mongeard Mugneret 2018; Savigny Les Beaune Premier Cru Mongeard Mugneret 2018; e Savigny Les Beaune Les Pimentiers Domanine Arnoux 2016.




Queijos no coquetel — O Invino foi fechado com outro produto icônico da gastronomia francesa que, sempre, pede um bom vinho: os queijos. O patrocínio do coquetel de encerramento foi da Queijos da França com vinhos harmonizados da World Wine. Estava tudo ótimo!


Vinhos gaúchos — Um super show a Master Class da Giordani Turismo, com vinícolas e vinhos da Serra Gaúcha. A dupla do receptivo, Gabrielle Rodrigues e Vinicius de Miranda Santiago (também sommelier), “segurou” o público com muita informação, bom humor e um clima bem descontraído. Participaram as seguintes vinícolas: Aurora, Cainelli, Cristofoli, Lovara, Miolo e Salton.

Denominação inédita — Segundo o sommelier da Giordani Turismo e Eventos e pra lá de simpático, Vinicius de Miranda Santiago, “em breve sairá a primeira Denominação de Origem (DO) para Espumante do Brasil e também do Hemisfério Sul”. E essa DO virá do Rio Grande do Sul, especificamente de Pinto Bandeira. “Daqui a alguns meses a Revista do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) vai publicar o reconhecimento, cujo trabalho começou há alguns anos. Será uma enorme conquista para o Brasil”, afirmou Santiago na Master Class no Invino. Ele é paulista e vive na Serra Gaúcha há cerca de 20 anos.

Que belíssimo evento, estimado Schapo. Quando promovido pelo Pérol,sempre será um sucesso. Como diriam os antigos romanos, In Vino Veritas.