por CLAUDIO SCHAPOCHNIK_Alcalá de Henares/ESPANHA*
Localizada na Comunidade Autônoma de Madrid e praticamente do lado da capital espanhola, Madri, Alcalá de Henares pesquisou a herança judaica pré-1492 e a exibe, por meio de placas e pelo trabalho dos guias de turismo, à população e aos visitantes. Desde 1988, a cidade é Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.

Fundada pelos romanos como Complutum no primeiro século D.C. e cidade natal do escritor Miguel de Cervantes (1547-1616), Alcalá de Henares soma milhares de universitários da prestigiosa Universidade de Alcalá — anteriormente chamada Universidade Complutense, fundada em 1499 pelo cardeal Cisneros.
A visita na universidade, de preferência guiada, como a que fiz, é muito, mas muito interessante. Vale a pena fazê-la. Próxima da instituição de ensino situa-se a bonita e maior praça da cidade, a Cervantes. Homenagem ao, talvez, filho mais famoso de Alcalá de Henares e de projeção mundial.
Lá estão a estátua de Dom Quixote de La Mancha (1879), obra do escultor italiano Carlo Nicoli Manfredi, um coreto, também do final do século 19, e a torre da antiga igreja de Santa María la Mayor. Junto à edificação, numa capela (entrada grátis), fica uma cópia da pia onde o escritor foi batizado. Caso tenha tempo, vale a pena sentar em um dos bancos para descansar e observar o vai e vem dos espanhóis. A dica não tem validade durante o dia no implacável verão espanhol.



Em relação à presença israelita local, os judeus chegaram no século 10. Pouco antes da expulsão, no final do século 15, a cidade somava cerca de 111 famílias que viviam no bairro judaico.
A Calle Mayor, antiga Calle Mayor de la Judería, é ainda a rua comercial de Alcalá e fica no centro. Possui 400 metros de extensão. Em ambos os lados há casas de tijolos vermelhos e madeira e várias placas que informam sobre a vibrante vida judaica que havia por ali séculos atrás.
Os judeus comerciantes tinham suas lojas voltadas à vida e, atrás, ficam as suas casas. Caminhando por lá, vi que há algumas vielas, cobertas. Os caminhos davam acesso a um pátio comum cercado por casas de israelitas. Este tipo de configuração urbana parecia ser bem do agrado da população sefardí, o judeu-espanhol.

Na mesma Calle Mayor fica o Museu Casa Natal de Miguel de Cervantes, com entrada grátis. Não tive tempo de visitá-lo.
SINAGOGAS
As antigas sinagogas Mayor e Menor também estão identificadas onde estavam erguidas originalmente.


Interessante é a localização da Sinagoga Menor, na Calle Santiago. O prédio, que a placa assinala, fica na mesma rua onde há uma igreja dessacralizada. O edifício fazia parte de um conjunto, que somava colégio e convento dos frades capuchinhos, erguido no início do século 17.
Dentro funciona o restaurante La Cúpula, de tradicional cozinha castelhana. Almocei no local com o grupo, do qual fazia parte, que visitava o país com o tema da herança judaica anterior à expulsão de 1492. No cardápio, um bom peixe assado com batatas. Menos é mais. Que gostooooooso!



Ainda na mesma Calle Santiago, uma placa fixada num prédio identifica que ali existiu uma mesquita.


Gostei de Alcalá de Henares. Vale, sim, uma visita à cidade.
SERVIÇO:
Turismo da Espanha
Turismo de Alcalá de Henares
La Cúpula Restaurante
*O QUE GOSTOSO! viajou a convite do Turismo da Espanha e da Red de Juderías de España