Alcalá de Henares mantém recordação judaica Foto Claudio Schapochnik Que Gostoso! 20

Alcalá de Henares mantém recordação judaica

por CLAUDIO SCHAPOCHNIK_Alcalá de Henares/ESPANHA*

Localizada na Comunidade Autônoma de Madrid e praticamente do lado da capital espanhola, Madri, Alcalá de Henares pesquisou a herança judaica pré-1492 e a exibe, por meio de placas e pelo trabalho dos guias de turismo, à população e aos visitantes. Desde 1988, a cidade é Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.

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No alto, trecho da Calle Mayor, antiga Calle Mayor de la Judería, no antigo bairro judaico e, acima, placa informativa da herança judaica local (fotos Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

Fundada pelos romanos como Complutum no primeiro século D.C. e cidade natal do escritor Miguel de Cervantes (1547-1616), Alcalá de Henares soma milhares de universitários da prestigiosa Universidade de Alcalá — anteriormente chamada Universidade Complutense, fundada em 1499 pelo cardeal Cisneros.

A visita na universidade, de preferência guiada, como a que fiz, é muito, mas muito interessante. Vale a pena fazê-la. Próxima da instituição de ensino situa-se a bonita e maior praça da cidade, a Cervantes. Homenagem ao, talvez, filho mais famoso de Alcalá de Henares e de projeção mundial.

Lá estão a estátua de Dom Quixote de La Mancha (1879), obra do escultor italiano Carlo Nicoli Manfredi, um coreto, também do final do século 19, e a torre da antiga igreja de Santa María la Mayor. Junto à edificação, numa capela (entrada grátis), fica uma cópia da pia onde o escritor foi batizado. Caso tenha tempo, vale a pena sentar em um dos bancos para descansar e observar o vai e vem dos espanhóis. A dica não tem validade durante o dia no implacável verão espanhol.

Alcalá de Henares mantém recordação judaica Foto MemoTravels_Pixabay
A Plaza Cervantes (foto MemoTravels_Pixabay)
Alcalá de Henares mantém recordação judaica Google Maps
Localização de Alcalá de Henares (em vermelho): bem no centro do país e perto de Madri (Google Maps)
Alcalá de Henares mantém recordação judaica Imagem Wikipédia
A bandeira do município espanhol (imagem Wikipédia)

Em relação à presença israelita local, os judeus chegaram no século 10. Pouco antes da expulsão, no final do século 15, a cidade somava cerca de 111 famílias que viviam no bairro judaico.

A Calle Mayor, antiga Calle Mayor de la Judería, é ainda a rua comercial de Alcalá e fica no centro. Possui 400 metros de extensão. Em ambos os lados há casas de tijolos vermelhos e madeira e várias placas que informam sobre a vibrante vida judaica que havia por ali séculos atrás.

Os judeus comerciantes tinham suas lojas voltadas à vida e, atrás, ficam as suas casas. Caminhando por lá, vi que há algumas vielas, cobertas. Os caminhos davam acesso a um pátio comum cercado por casas de israelitas. Este tipo de configuração urbana parecia ser bem do agrado da população sefardí, o judeu-espanhol.

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Um dos prédios na Calle Mayor

Na mesma Calle Mayor fica o Museu Casa Natal de Miguel de Cervantes, com entrada grátis. Não tive tempo de visitá-lo.

SINAGOGAS
As antigas sinagogas Mayor e Menor também estão identificadas onde estavam erguidas originalmente.

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Viela que dava acesso à antiga Sinagoga Mayor
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Local da antiga Sinagoga Menor

Interessante é a localização da Sinagoga Menor, na Calle Santiago. O prédio, que a placa assinala, fica na mesma rua onde há uma igreja dessacralizada. O edifício fazia parte de um conjunto, que somava colégio e convento dos frades capuchinhos, erguido no início do século 17.

Dentro funciona o restaurante La Cúpula, de tradicional cozinha castelhana. Almocei no local com o grupo, do qual fazia parte, que visitava o país com o tema da herança judaica anterior à expulsão de 1492. No cardápio, um bom peixe assado com batatas. Menos é mais. Que gostooooooso!

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O prato principal do almoço no La Cúpula

Ainda na mesma Calle Santiago, uma placa fixada num prédio identifica que ali existiu uma mesquita.

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Edifício onde ficava uma mesquita
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Grupo da viagem, da esq. para a dir.: Pérsio Bider, da Israel Operadora; Marta Puig Quixal, da Red de Juderías de España; Oscar Almendros, do Turismo da Espanha no Brasil; Andrea Plácido, da Maringá Turismo; e o editor do QUE GOSTOSO!, Claudio Schapochnik “Schapo”; não estava na foto outra integrante do grupo: Fortuna Bárbara Djmal, da revista Morashá

Gostei de Alcalá de Henares. Vale, sim, uma visita à cidade.

SERVIÇO:
Turismo da Espanha
Turismo de Alcalá de Henares
La Cúpula Restaurante

*O QUE GOSTOSO! viajou a convite do Turismo da Espanha e da Red de Juderías de España

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