por CLAUDIO SCHAPOCHNIK_Toledo/ESPANHA*
Numa conversa sobre o tema da Espanha judaica pré-expulsão de 1492, Toledo é a primeira cidade que me vem à mente. Pudera. Lá estão as emblemáticas Sinagoga Santa María la Blanca e Sinagoga del Tránsito. São templos que deixaram de ser israelitas para se tornarem singulares guardiões da história dos sefardíes (judeus-espanhóis).


Outro fator, ao meu ver, que contribui para tornar Toledo tão conhecida no assunto da Espanha judaica e ser objetivo de viagem é a proximidade com a capital do país, Madri. Da estação Atocha, no centro madrilenho, partem trens em muitos horários e você chega em Toledo em somente meia-hora. A distância é de cerca de 70 quilômetros.
Caso você esteja em Madri e queira fazer um bate-e-volta, é possível. Mas fica bem corrido e você possivelmente chegará exausto no retorno. Mas, de qualquer forma, vale a pena. Vale a pena também passar pelo menos uma noite ou, melhor ainda, duas noites na cidade. Toledo é bela e, além do tema judaico, há inúmeros passeios e várias atrações. A catedral é imperdível. E come-se bastante bem por lá – Estamos na Espanha!
Esta foi a minha segunda estada na cidade. Já estive aqui há mais de 15 anos.



A cidade foi fundada como Toletum pelos romanos em 183 A.C., à beira do rio Tajo – depois Tejo em terras lusitanas até a foz no Oceano Atlântico –, na Comunidade Autônoma de Castilla y León.
A presença documentada dos judeus data de cerca de 350, ainda na Toletum romana, até o crucial 1492.
No interessante bairro judaico estão as duas ex-sinagogas. Ambas ficam na rua dos Reis Católicos – apelido do casal Isabel e Fernando, responsável pela assinatura do édito de expulsão dos judeus no final do século 15.
Visitei primeiro a Antiga Sinagoga Mayor de Toledo. La Blanca foi originalmente erguida em 1180, reconstruída no século 13 e convertida em igreja em 1405. Precedido por um jardim, o templo é grande e lindo, com destaque para as colunas e os arcos. De sinagoga mesmo, não restou praticamente nada.



Duzentos metros à frente fica a Sinagoga del Tránsito – construída por Samuel ben Meir Ha-Levi Abulafia (1320-1360) e inaugurada cerca de três anos antes de sua morte. Ele foi tesoureiro do rei Pedro 1° de Castela.
Esse edifício tem, sim, uma “cara” de antiga sinagoga. Por sinal, linda. Conserva frases em hebraico, belos arcos e belas colunas e muitos adornos. Uma verdadeira obra de arte. É sede ainda do interessante Museu Sefardita.


(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

Ainda na mesma rua dos Reis Católicos, os arqueólogos descobriram as bases da Sinagoga de Sofer, que existiu entre 1190 e 1391. É possível ver a estrutura que possivelmente foi a míkvê do templo. De acordo com a instituição judaica Beit Chabad Central, de São Paulo, a palavra hebraica “significa junção (de águas) de fonte natural, preservadas a uma temperatura agradável”. Entre outras funções, o banho na míkvê, que é feito por homens e mulheres de forma separada e realizada individualmente, tem funções ligadas à purificação.
Em Toledo, não foram apenas as sinagogas que sucumbiram. O antigo templo muçulmano do século 11 foi transformado na igreja Mezquita de Cristo de la Luz.

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)
Depois dessas visitas, a regra é se perder pelas ruelas do antigo bairro judaico.

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

(foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)
SERVIÇO:
Turismo da Espanha
Red de Juderías de España
Turismo de Toledo
*O QUE GOSTOSO! viajou a convite do Turismo da Espanha e da Red de Juderías de España