Balas de banana de Antonina (PR) têm Indicação de Procedência

Balas de banana de Antonina (PR) têm Indicação de Procedência

DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ

As balas de banana com embalagens verde (Antonina) e laranja (Bananina) receberam o reconhecimento de Indicação de Procedência, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) no final de dezembro. É uma conquista de muitas mãos e que alça o produto artesanal que respeita as tradições mais antigas de Antonina, no Litoral do Paraná, a um novo patamar. O “selo” atesta a bala como legítima do município e favorece a abertura de novos mercados no País.

A indicação das balas de banana de Antonina reconhece um processo iniciado nos anos 1970 com os avôs das atuais responsáveis pelas empresas e expandido para diversos mercados a partir dos anos 2000 – nos últimos anos, inclusive, com e-commerce. O processo contou com a orientação do Sebrae e apoio do Governo do Estado.

As empresas Antonina e Bananina produzem juntas entre 16 e 18 toneladas por mês e empregam mais de 20 funcionários. O segmento, no entanto, envolve uma cadeia maior. São entre 30 e 50 produtores da variante caturra, especialmente no município próximo de Guaraqueçaba. As vendas alcançam todo o Paraná e outros Estados, mas as balas já foram fotografadas em Paris, na França, e Ushuaia, na Argentina.

“Foi uma surpresa muito grande porque o resultado saiu no dia 29 de dezembro. Encaramos como uma recompensa após um ano de muitas dificuldades. Foi um susto acompanhado de muita felicidade”, afirmou a empresária Rafaela Takasaki Corrêa, que comanda a produção da Antonina, a verde. “A indicação quer dizer que começamos a colher novos frutos do nosso trabalho.”

Ela considera que a Indicação de Procedência ajudará a bala a chegar a novos lugares e a atrair mais clientes que buscam produtos especiais. “É um selo que abre novas possibilidades e que comprova o que buscamos diariamente, que é a manutenção da qualidade, do sabor, do padrão, da essência de Antonina. Tem esse diferencial. Dá notoriedade ao produto que é marca registrada da região”, disse.

“É uma honra contribuir com o desenvolvimento do Litoral e do Paraná como um todo. Sabemos que com a obtenção selo o produto passa a ser reconhecido como legítimo de Antonina e abre portas para a comercialização em vários cantos do País”, destacou a empresária Bárbara Krenk, da Bananina, a laranja. “Queremos desbravar novos espaços a partir desse ano.”

Segundo Maristela Mendes, presidente da Associação dos Produtores de Bala de Banana de Antonina e Morretes (Aprobam), a Indicação de Procedência é resultado de um trabalho diário. “Foi uma surpresa. É uma época de pandemia, fizemos tudo por vídeo, achávamos que ainda demoraria”, disse. “A bala de banana já era típica do Litoral, já representava o Paraná, agora veio o reconhecimento. Essa formalidade vai nos ajudar a manter essa tradição.”

No alto, balas de banana de Antonina e, acima, a produção das mesmas (fotos Gilson Abreu/AEN)

TRAJETÓRIA
A história da conquista do reconhecimento das balas passa pela união de concorrentes, uma amizade de seis décadas, três gerações familiares, protagonistas femininas e a criação da associação, passo fundamental para a obtenção do reconhecimento e organização dos produtores. As empresas foram fundadas pelos avôs das atuais empresárias, embaladas pelos filhos (pai de Rafaela e mãe de Bárbara) e às netas coube a conquista do selo.

“As duas empresas já trabalhavam juntas a questão regional, principalmente para atrair turistas a Antonina e contar essa história. As empresas começaram juntas e sempre foram amigas, sempre se ajudaram, algo que nos é natural e que ficou”, afirmou Rafaela. “Conseguimos construir uma história trabalhando de maneira independente, cada uma com seus clientes e maneiras, mas ao mesmo tempo juntas. E a cidade é quem ganha com isso.”

Segundo Bárbara, a união é a única possibilidade de prosperar em sociedade. “Não é uma amizade apenas entre mim e a Rafaela, mas já vinha da segunda geração, da minha mãe e do pai dela. Acreditamos que juntos vamos mais longe. Cada uma tem seu mercado, seus clientes, mas um objetivo em comum: garantir qualidade”, acrescentou.

O trabalho de mapeamento e de estudo para essa conquista começou há sete anos e contou com a orientação do Sebrae. Ele exigiu resgate histórico, comprovação do vínculo do produto com o município e a criação de uma identidade visual única, que é a bala de embalagem branca (cor que simboliza a união de todas as cores) com a banana como símbolo, embaixo de um casarão com portas onduladas típico de Antonina. Tudo envelopado em uma roda que representa uma máquina antiga. O selo será colocado nos pacotes, não nas unidades.

Balas de banana da empresa Bananina

“Realizamos um levantamento com dados e informações sobre o produto e as empresas, incluindo mais de 800 citações na imprensa, além de relatos de diversos moradores sobre importância das balas para a cidade, aspectos econômicos, culturais e históricos”, afirmou a coordenadora estadual de Agronegócios do Sebrae, Maria Isabel Guimarães, uma das responsáveis por esse projeto.

O Governo do Estado, por meio da Emater e da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, entrou no trabalho num segundo momento como parte integrante do Fórum Origens Paraná, que reúne técnicos, acadêmicos e os empresários por trás dos produtos que já têm registro e dos que pleiteiam o reconhecimento. O objetivo é modernizar a produção sem perder a ancestralidade das receitas.

“É um certificado importante não só para ampliar o comércio das balas de banana, mas também um estímulo ao reconhecimento regional”, afirmou o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Ele ressaltou que a iniciativa atende aos compromissos do governador Carlos Massa Ratinho Júnior de fomentar cadeias locais, o turismo e produtos feitos no Paraná.

ANTONINA
As balas Antonina são feitas por 15 funcionários. A principal região consumidora é a Grande Curitiba e o litoral, mas um e-commerce lançado há dois anos já começa a ganhar espaço no faturamento da empresa, possibilitando inclusive viagens internacionais para as verdinhas. No espaço virtual também é possível comprar canecas, caixas de presentes, aventais, canudos e ecobags.

A bala segue a receita original, desenvolvida na fábrica pelo pai, o avô e o Seu Zezo, doceiro contratado de Santa Catarina. Ele foi responsável por ensinar os funcionários, entre eles o baleiro Baiano, que está na fábrica desde a fundação, em 1979, e até hoje é o encarregado do toque final da receita polvilhada de açúcar.

Balas de banana de Antonina: com o selo, crescem as perspectivas de mais vendas no País

BANANINA
A Balas Bananina conta com oito colaboradores. As vendas também são basicamente para a Região Metropolitana de Curitiba, mas com possibilidade de os visitantes conhecerem o interior da fábrica. O espaço foi aberto ao público há dez anos como parte do processo de contar uma história e chega a receber cerca de 500 turistas por dia.

A produção das embalagens laranjas também respeita a tradição familiar, apesar de a empresa ter adotado um tom mais moderno com a adição de sabores e o mix das balas de banana com goiabada, amendoim, abacaxi, pimenta, coco e gengibre.

A família de Maristela Mendes abriu um pequeno negócio na margem da Baía de Antonina, no princípio como palmitaria, em 1973. Em 1986 chegaram as balas de banana e nos anos 2000 houve a mudança de local, após algumas alterações de nome.

INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA
A bala de banana é o oitavo produto paranaense com Indicação de Procedência. Elas se somam ao melado de Capanema, goiaba de Carlópolis, queijos da Colônia Witmarsum, uvas finas de mesa de Marialva, erva-mate de São Mateus do Sul, mel do Oeste e cafés especiais do Norte Pioneiro. O Estado ainda tem uma Denominação de Origem, que também é uma espécie de Indicação Geográfica (IG), com o mel de Ortigueira.

O Brasil tem 61 produtos com Indicação de Procedência e 14 Denominações de Origem, totalizando 75 IGs. As balas de Antonina foram o sétimo ingresso de 2020 nessa lista. O Paraná, que conta com nove IGs, é o terceiro Estado que mais possui produtos com esse reconhecimento no Brasil.

O Estado ainda tem outros produtos que aguardam pelo registro, como o barreado e farinha de mandioca do Litoral, a cachaça de Morretes, vinhos de Bituruna e os morangos do Norte Pioneiro.

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