por Claudio Schapochnik
O Invino Wine Travel Summit (foto acima), realizado ontem (segunda, dia 8 de abril) no hotel Grand Hyatt São Paulo, cumpriu com louvor o papel de debater o mercado e as oportunidades do enoturismo nacional e internacional. “A grande sacada foi juntar, no mesmo espaço e na mesma agenda, os profissionais do vinho e do turismo”, avaliou o presidente do Conselho do Invino e diretor da empresa que concebeu e realizou o evento, a Cap Amazon, Jean-Philippe Pérol, em entrevista ao Que Gostoso!. “Voltaremos em 2020, possivelmente no dia 31 de março (a confirmar), com algumas mudanças”, assegurou Pérol. Bravo!
Entre as 14h e as 23h30, cerca de 150 pessoas – só convidadas pela Cap Amazon, pois não era aberto ao público – assistiram uma programação de alto nível de conteúdo, com apresentações dinâmicas e abertas a perguntas.

Pelo palco do Invino Summit passaram a proprietária da Les Sources de Caudalie (França), Alice Tourbier, a diretora executiva da Vinícola Guaspari (Brasil), Fabrizia Zucherato, a diretora da Atout France (França), Caroline Putnoki, do diretor da Version Unique, que representa a região francesa da Borgonha no Brasil, Alexandre Rizaucourt, e o consultor de vinhos do Pão de Açúcar, Carlos Cabral. A rede de supermercados francesa vendeu 20 milhões de garrafas de vinho (nacionais e internacionais) em 2018.
Vale destacar as intervenções de Cabral durante o Invino, sempre com domínio sobre o assunto – afinal são 45 anos estudando e provando vinhos –, bom humor e simpatia. É sempre bom ouvir uma pessoa como ele. Um verdadeiro gentleman.
Do lado de fora da sala do centro de convenções do hotel, onde ocorreram as apresentações, ocorreu oficialmente a parte business, digamos assim, do Invino Summit. Em reuniões previamente agendadas, operadores de turismo e agentes de viagens tiveram encontros com representantes de receptivos, vinícolas nacionais e estrangeiras e regiões turísticas. Ponto para a organização.


MERCADO
Há muitos anos, o enoturismo é um segmento robusto e prá lá de importante para as vinícolas – e também para os hotéis, os restaurantes, os bares, as atrações turísticas e os municípios onde estão localizadas. “Mais de 20% da receita, em média, das vinícolas mundo afora vem do enoturismo”, disse Pérol na abertura do Invino.
Por falar em hotéis, a francesa Les Sources de Caudalie e a brasileira Guaspari revelaram novidades ao público do evento.
A Caudalie vai abrir o terceiro hotel do grupo na França. Será no Vale do Loire, na cidade de Cheverny, em junho do próximo ano, contou Alice na sua apresentação. A empresa comprou o Château du Breuil, que atualmente passa por uma ampla reforma.
A Guaspari, que fica em Espírito Santo do Pinhal, na porção paulista da Serra da Mantiqueira, revelou que tem intenção de construir um estabelecimento hoteleiro. “Um hotel e um restaurante estão em nossos planos a médio prazo”, revelou Fabrizia após a sua apresentação.

De acordo com o presidente do Conselho do Invino, o enoturismo gera números impressionantes pelo mundo. Por exemplo, as vinícolas na Califórnia (Estados Unidos) recebem 15 milhões de visitantes (sendo três milhões estrangeiros). Na França, os enoturistas somam dez milhões de visitantes (sendo 4,2 milhões de estrangeiros).
No Brasil, o enoturismo se concentra basicamente nos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de Pernambuco, da Bahia e de São Paulo. “Em nível nacional, as vinícolas recebem cerca de um milhão de visitantes por ano”, disse Pérol. “Então o potencial para o desenvolvimento do segmento por aqui é imenso”, completou ele.

DEGUSTAÇÕES
Antes da abertura, nos intervalos , no coquetel e no jantar de encerramento, o público do Invino Summit pôde fazer degustações de vinhos (tinto, branco e rosé) portugueses, chilenos, franceses e brasileiros.
Na entrada da sala das apresentações, garçons serviam os espumantes da gaúcha Chandon, marca do grupo de luxo francês Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH). Inclusive o presidente do grupo para América Latina, Caribe e África, Davide Marcovitch, prestigiou integralmente o Invino Summit.
Marcovitch, após o “furo” de reportagem de Carlos Cabral, do Pão de Açúcar, confirmou ao Que Gostoso! que a Chandon vai investir na construção de um centro de visitantes na propriedade em Garibaldi (RS).


O saborosíssimo jantar, que encerrou o Invino 2019, foi de alto nível também. A entrada (creme de aspargos), os dois pratos (salmão e carne bovina assados) e a sobremesa (éclair de caramelo) foram harmonizados com vinhos chilenos, das vinícolas Almacruz, Tarapacá, Montes, Casa Silva e Los Boldos. A apresentação técnica foi de Carlos Cabral.
No Chile há 800 vinícolas, sendo que destas 119 estão abertas aos turistas. As vinícolas ficam em 18 regiões produtoras – as mais conhecidas são Maipo, Casablanca e Colchagua.
O Brasil ocupa o número um no ranking dos países que mais visitam as vinícolas chilenas: 64%, muito à frente do segundo lugar, os Estados Unidos, com 11%.


CONCEPÇÃO DO EVENTO
Na abertura do Invino Summit, Pérol contou a história do evento, que levou um ano e meio para ser realizado. A ideia foi da então diretora da Cap Amazon e também sua esposa, Caroline Putnoki.
Depois, com a ida de Caroline para a direção da Atout France, a agência de desenvolvimento turístico da França, a semente do Invino passou a ser regada por Pérol, que passou a dirigir a Cap Amazon, e por uma equipe bastante competente.
Com a criação do Invino, o mercado brasileiro de vinhos e turismo ganhou, sem dúvida, um evento para debater o importantíssimo segmento do enoturismo em diversas vertentes. Até 2020!