Vinhos exóticos: uma viagem pelas taças

Vinhos exóticos: uma viagem pelas taças

por Lucia Grimaldi*

Olá, internautas amantes do vinho! Espero que estejam todos com saúde! Então, vivemos ainda uma situação de pandemia, o que nos impede de viajar pelo mundo… Por isso, darei uma dica hoje: que tal uma viagem exótica pelas taças? Vamos, sigam-me!

Antes, um pequeno esclarecimento quanto ao título: quando digo vinhos exóticos, me refiro a vinhos produzidos em países pouco conhecidos, ou pouco divulgados, por suas atividades vitivinícolas. Inclusive foi o tema de uma degustação da Confraria “Viva!”, da qual tenho a alegria de fazer parte.

No alto a garrafa do vinho romeno Crăița Transilvanei Demisec e, acima, a nossa colunista de enologia, Lucia Grimaldi (fotos Lucia Grimaldi)

Romênia
A terra do temido Conde Drácula produz vinhos, sim! E muito bons, por sinal. A produção vitivinícola da Romênia tem de cerca de 3.000 anos, quando as videiras se espalharam pelo país, inclusive pela Transilvânia. Trago um rótulo belíssimo para vocês da terra do vampiro mais famoso do mundo.

Vinho Crăița Transilvanei Demisec (www.evino.com.br)

Da região de Dealu Mare, uma D.O. (Denominação de Origem) muito conceituada, provei o vinho branco Domeniile Tohani, produzido na vinícola de mesmo nome, safra 2018, feito com a uva branca fetească regală, um cruzamento natural de outras duas variedades: a grasâ e a fetească albă.

É um vinho muito aromático e frutado, de uma coloração amarelo-palha brilhante, com notas marcantes de damasco e pêssego, acidez muito equilibrada, um dulçor residual (já que é um vinho meio seco) e notas de flores brancas. Uma experiência surpreendente!

Vinho Domeniile Tohani Fetească Regală (www.evino.com.br)

Existe também a sua versão tinta: o Domeniile Tohani feito com a uva fetească neagră.

Vinho Domeniile Tohani Fetească Neagră (www.evino.com.br)

Grécia
Partindo do princípio de que foi Dionísio, o adorado deus grego, que ensinou aos homens o cultivo das videiras, a Grécia não poderia faltar. Lá a cultura do vinho data de mais de 4.000 anos, e há inúmeras variedades de uvas encontradas somente naquela região. Um terroir ímpar, que dá origem a vinhos intrigantes, exuberantes, exóticos, e com produção predominantemente artesanal.

Provei o vinho tinto grego Irida, da vinícola Cavino, safra 2018, um varietal feito com a uva Syrah. Produzido na região de PGI Achaia, tem uma cor púrpura brilhante e intensa, sabores e aromas de frutas negras frescas, como amora e mirtilo, e frutas maduras, como ameixa, além de notas de especiarias doces, como baunilha e alcaçuz, e um maravilhoso toque de chocolate.

É um vinho elegante, com taninos macios e acidez equilibrada. Na degustação não tínhamos decanter para que ele “respirasse” um pouco, mas aconselha-se que cerca de 20 minutos seriam muito benéficos para esse vinho.

Vinho Cavino Irida Syrah (www.vinumday.com.br)

Marrocos
E quem diria que, no norte do continente africano, além da intrigante paisagem desértica do Saara, e seus tuaregues, cujas histórias povoam o nosso imaginário há séculos, encontraríamos um expoente na produção vitivinícola: sim, o exótico Marrocos.

A origem da produção de vinhos na região remonta aos fenícios, mas foi sob a influência francesa que a vitivinicultura se desenvolveu no país.

Degustei o vinho tinto Domaine de Sahari Vin Rouge du Maroc Beni M´Tir, safra 2018, de cor rubi profunda, frutado, mas elegante, com acidez e taninos médios e muito bem equilibrados. Produzido em Meknès Fès, região montanhosa do norte do Marrocos (M´Tir é a Denominação de Origem), é um corte das castas Cabernet Sauvignon (50%), Garnacha (20%), Merlot (15%) e Syrah (15%). Tem aromas e sabores bastante complexos, desde frutas vermelhas e negras maduras, como cereja, amora e ameixa, passando por especiarias doces, como canela e cravo da Índia.

Vinho Domaine de Sahari (www.evino.com.br)

China
As mudanças climáticas vêm impactando o mundo inteiro, e predominantemente de maneira negativa… Mas a região norte da China é uma exceção, pois parece se beneficiar destas modificações e ver incrementada a sua produção vitivinícola.

Tive a oportunidade de provar um vinho produzido pela vinícola Changyu Pioneer Wine Company: o Zenithwirl, produzido com a uva Cabernet Sauvignon da região de Yantai, safra 2018. Um vinho simples, de coloração rubi, meio seco e frutado, com predomínio de frutas vermelhas e notas herbáceas. Taninos leves e baixa acidez, indicado para quem começa a se aventurar no mundo dos vinhos “exóticos”.

Vinho Zenithwirl Cabernet Sauvignon (www.wine.com.br)

E aí, gostaram da viagem? Então, me contem as suas experiências com vinhos “exóticos”.

Ganbei! (Um brinde!, em mandarim)

*Lucia Grimaldi, colunista do Que Gostoso!, é graduada e pós-graduada em fonoaudiologia e direito e possui a certificação internacional Wine & Spirit Education Trust (WSET) nível 2. Contatos: grimaldipervino@gmail.com e o @grimaldipervino

3 comentários sobre “Vinhos exóticos: uma viagem pelas taças

  1. Realmente, o mundo do vinho nos convida a viajar. E que mundo vasto ele nos convida a conhecer, tanto no tempo como no espaço! Parabéns pelo texto, Lu!

  2. De fato, o mundo do vinho nos convida a viajar. E que mundo vasto ele nos apresenta! Tanto no espaço quanto no tempo. As dicas foram muito interessantes, principalmente, elo convite para o não usual. Parabéns!

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