Menu kasher é novidade no Palácio Tangará (SP)

por Claudio Schapochnik

O Palácio Tangará (foto acima/divulgação), primeira unidade masterpiece da Oetker Collection na América do Sul e membro da Leading Hotels, avança no oferecimento de serviços focados e de alta qualidade na área de Alimentos e Bebidas. Em parceria com a Wedo Kosher, o luxuoso hotel agora pode servir cardápio kasher para banquetes sociais e corporativos a partir deste mês de maio. O lançamento do menu ocorreu no final do mês passado no restaurante Tangará Jean-Georges, com cardápio em três tempos assinado pela chef do Palácio Tangará, Rachel Codreanschi.

De olho no mercado representado pelo potencial da comunidade judaica paulistana, a maior do País, onde parcela considerável segue as regras alimentícias israelitas, o Palácio Tangará está apto a captar eventos deste segmento. Além de reuniões e seminários, por exemplo, na área empresarial, o hotel pode fazer cerimônias de brit milá (circuncisão), bat e bar mitzvót (maioridade religiosa, respectivamente, da menina aos 12 anos e do menino aos 13 anos) e casamentos voltados a este público.

O prato principal do jantar kasher de apresentação: robalo com especiarias, jus agridoce e legumes da estação (foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

Kasher, na tradução do hebraico para o português, significa “apropriado”. São os alimentos e os procedimentos apropriados para o consumo segundo as leis judaicas, agrupadas em um código dietético chamado Cashrut. Para ser kasher é necessário, ainda, que tudo isso (alimentos e procedimentos) tenha a supervisão de um profissional (mashguiach) ou rabino. Carne suína, frutos do mar e qualquer combinação de carne e leite e derivados, por exemplo, são totalmente proibidas pela Cashrut.

Os banquetes sociais e corporativos no Palácio Tangará ocorrem em um espaço versátil chamado Tangará House. A área reúne nove salões de capacidade variada. Segundo o hotel, “todos recebem luz natural e têm acesso aos terraços, com vista para o Parque Burle Marx”.

Um dos salões do Tangará House arrumado para um baquete (foto Ana Mello/divulgação)
Outra sala do Tangará House (foto Ana Mello/divulgação)

AVALIAÇÕES POSITIVAS
Para o diretor executivo adjunto de Alimentos e Bebidas do Palácio Tangará, Wadim Alvarez, o lançamento do cardápio foi um sucesso, e as perspectivas de negócios neste segmento são promissoras.

“[A avaliação foi] muito positiva, desde o ponto de vista da produção foi fundamental para rompermos o paradigma de que comida kasher é impossível ou muito difícil de ser feita em cozinhas tradicionais”, diz Alvarez ao Que Gostoso!.

“A expectativa é termos um crescimento orgânico no número de solicitações de eventos kasher tanto corporativos como sociais, embora pela janela de reserva, esperamos que o impacto desta inovação tenha resultados expressivos a partir do último trimestre deste ano”, revela o diretor.

O otimismo prevalece na outra ponta da parceria. “Ambas as partes estão empenhadas e comprometidas com o projeto e acreditam na ideia de atender uma nova demanda e expandir as opções de eventos sociais e corporativos para a comunidade judaica”, conta um dos sócios da Wedo Kosher, Ilan Wallach, ao Que Gostoso!.

O diretor executivo adjunto de Alimentos e Bebidas do Palácio Tangará, Wadim Alvarez (foto divulgação)
Um dos sócios da Wedo Kosher, Ilan Wallach (foto divulgação)

Para Wallach, este é um primeiro negócio entre a Wedo Kosher e o Palácio Tangará. “Com certeza, a parceria não acaba por aí, temos muitas outras ideias para realizarmos junto com o hotel, que estão sendo desenvolvidas”, destaca o sócio, sem revelar detalhes.

O conhecimento entre o Palácio Tangará e a Wedo Kosher, fundada em 2017, é antigo. “Como nascemos da GSP Travel, agência de viagens com mais de 40 anos de mercado e membro Virtuoso, tínhamos um ótimo relacionamento com o hotel, que acreditou no nosso projeto desde o início”, recorda Wallach.

“Passamos por alguns processos de visita técnica para verificar a viabilidade da operação kasher no estabelecimento, treinamento para toda a equipe do hotel (chef de cozinha, sommelier, equipe de reservas e atendimento etc) sobre as especificações e regras do kasher e costumes judaicos, além de consultoria na elaboração de cardápios e compra de insumos kasher.

A chef do Palácio Tangará, Rachel Codreanschi (foto divulgação)

JANTAR DE LANÇAMENTO
Para apresentar uma opção de menu kasher, o Palácio Tangará e a Wedo Kosher realizaram um jantar – pago – no final do mês passado no lindo restaurante Tangará Jean-Georges. Segundo o diretor executivo adjunto de Alimentos e Bebidas do hotel, Wadim Alvarez, 50 pessoas prestigiaram o evento. A reportagem do Que Gostoso! esteve presente a convite do estabelecimento.

O cardápio teve couvert com azeite de oliva extra virgem e três tipos de mini pães: ciabatta, focaccia de azeitonas pretas e alecrim e baguette. A entrada foi tartar de atum, avocado, rabanetes e marinada de gengibre; o prato principal robalo com especiarias, jus agridoce e legumes da estação; e a sobremesa gateau de amêndoa, doce de leite, crocante de aveia e sorvete de amêndoas.

Segundo Wadim, “o feedback [do jantar] foi extremamente positivo, sendo o comentário principal da maioria dos comensais o fato de termos oferecido uma das melhores refeições fine dining que eles já tenham experimentado”.

O interior do restaurante Tangará Jean-Georges (foto divulgação)

Na avaliação de um dos sócios da Wedo Kosher, Ilan Wallach, o jantar superou as expectativas. “A satisfação estava estampada no rosto de todos que presenciaram este evento, e ouvir de pessoas extremamente influentes na comunidade judaica que foi um dos melhores pratos kasher que já comeram em suas vidas é muito gratificante”, assegura ele. “Poder proporcionar uma noite 100% kasher em um restaurante como o Tangará Jean-George é um passo muito importante para nós”, emenda.

Do ponto de vista de quem liderou a cozinha do restaurante, a chef do Palácio Tangará, Rachel Codreanschi, a experiência valeu a pena. “No geral a operação do jantar foi bem tranquila”, resume a talentosa profissional.

“Estávamos um pouco apreensivos por ser o primeiro evento kasher do hotel, mas ao longo do dia, produzindo tudo junto do mashguiach Matheus começamos a sentir que tudo daria certo e seria um sucesso”, lembra Rachel.

Ela é paulistana e graduada em gastronomia pela Universidade Anhembi Morumbi. Trabalhou no La Brasserie, do chef Erick Jacquin, em outros restaurantes na capital paulista e em Tel Aviv (Israel).

No couvert havia azeite de oliva extra virgem… (foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)
…e a cesta com mini pães (foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

De acordo com Rachel, a presença do mashguiach Matheus “foi essencial para nossa operação, sempre disposto a tirar nossas dúvidas e de toda a equipe (que não eram poucas)”.

A chef também mostra-se entusiasmada com o novo segmento atendido pelo Palácio Tangará. “Acho que cada vez mais a procura por eventos kasher tem crescido em São Paulo, e as pessoas estão à procura de diferenciais, por muito tempo as possibilidades eram restritas”, analisa ela.

“A Wedo Kosher veio para mudar este cenário e tornar o kasher mais acessível para todos. Com a ideia de que queremos atender a todos nossos clientes no nível que oferecemos no Palácio Tangará, resolvemos entrar com tudo no mundo kasher e poder oferecer experiências diferentes das que já existem.”

SABOR E APRESENTAÇÃO EXCELENTES
Atendimento de primeira, pratos apresentados lindamente e sabores ímpares. Na minha avaliação, o menu kasher apresentado no jantar de lançamento da parceria entre o Palácio Tangará e a Wedo Kosher deixou com vontade de quero mais, ou seja, estava ótimo.

Em relação ao couvert, entre as três opções de mini pães o mais saboroso foi a delicada e fofa focaccia de azeitonas pretas e alecrim. Ideal para saborear o azeite de oliva extra virgem.

Sobre a entrada, imagino o trabalho que deve ter sido para a chef Raquel e sua equipe montarem perfeitamente as tiras de atum até a formação do desenho do prato. Estavam bem entrelaçadas. Só por isto, palmas são merecidas.

O tartar, como entrada: construção delicada (foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

O peixe estava sob uma cama de avocado e levava lâminas de rabanetes em cima. Assim que o prato chegava à mesa. Minha surpresa foi ver o garçom despejar delicadamente uma marinada de gengibre, deixando a sugestão pronta para ser saboreada. Amo gengibre, que combina muito bem com atum. A entrada estava muito, mas muito boa.

Em relação ao prato principal, robalo com especiarias, jus agridoce e legumes da estação, vale destacar o visual colorido. O garçom sugeriu comê-lo com colher, para facilitar, numa mesma colherada, ter o peixe, o legume e o caldo. Caldo este maravilhoso, quentinho e bem temperado. O peixe estava delicado, bem cozido, úmido e com uma crosta de especiarias. Ótimo.

A sobremesa: um grand finale de fato (foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

A sobremesa de gateau de amêndoa, doce de leite, crocante de aveia e sorvete de amêndoas foi, de fato, um grand finale. Destaque aí para o sabor da noz sobretudo na versão do sorvete. Memorável.

Por esse exemplo de cardápio, seguramente será exitosa a parceria do Palácio Tangará com a Wedo Kosher.

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