Em maio, Viena celebra gastronomia e 150 anos da ópera

por Claudio Schapochnik

A nobre e imperial e, ao mesmo tempo, contemporânea e vibrante Viena traz dois grandes eventos no próximo mês: a tradicional ópera Wiener Staatsoper (foto acima/Wien Tourismus/Christian Stemper) completa 150 anos e a edição anual do evento gastronômico Genuss-Festival.

Para contar estas e outras novidades da capital austríaca, o media relations do Vienna Tourist Board, Florian Wiesinger, esteve no final do mês passado em São Paulo em um encontro com jornalistas.

A Wiener Staatsoper celebra 150 anos. A inauguração da imponente casa de ópera da rua Ring foi em 25 de maio de 1869, com Don Giovanni, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Neste mesmo dia do próximo, a Staatsoper comemora o jubileu com uma festa e com a estreia da ópera A mulher sem sombra, do compositor e maestro alemão Richard Strauss (1864-1949).

No dia seguinte, dia 26 de maio, acontece a festa de jubileu na praça Herbert-von-Karajan. O espaço público nos arredores da ópera receberá participações não convencionais de vários cantores e cantoras do elenco das óperas, de convidados, do Balé de Viena, da Orquestra da Staatsoper e de vários outros artistas – com surpresas.

A Staatsoper continua com a opção de streaming, na qual estão disponíveis virtualmente 45 apresentações da casa. O programa Oper live am Platz retorna na temporada 2018/19, exibindo gratuitamente 85 apresentações nos meses de abril, maio, junho e setembro. A projeção ocorre ao vivo em uma parede de 50 m² na praça Herbert-von-Karajan.

Florian Wiesinger, do Vienna Tourist Board, no evento em São Paulo (foto Claudio Schapochnik/Que Gostoso!)

MUSEU FREUD REABRE EM 2020
O Museu Sigmund Freud, localizado em Viena, está fechado desde o mês de março passado e só vai reabrir em maio de 2020. “O museu está passando por uma grande obra de modernização”, diz Wiesinger durante sua estada em São Paulo.

Mas se você planeja viajar para Viena e tinha colocado este museu na agenda, não se preocupe. A poucos passos do museu, em dois endereços, você pode conhecer mais sobre a vida do pai da psicanálise (1856-1939). Na Berggasse 13 há uma apresentação por meio de objetos originais, fotos e filmes; e na Liechtensteinstrasse 19 fica a livraria e a loja de museu.

Para saber mais sobre o novo Museu Sigmund Freud, clique aqui.

Sigmund Freud em 1906 (foto Sigmund Freud Privatstiftung)

GASTRONOMIA AUSTRÍACA EM UM SÓ LUGAR
Antes dos eventos relacionados aos 150 anos da Wiener Staatsoper, também em maio, Viena recebe o Genuss-Festival 2019, dias 10 (sexta, 11h às 21h), 11 (sábado, 10h às 21h) e 12 (domingo, 10h às 17h). A entrada é franca.

No espaçoso e bem cuidado parque Stadtpark, ao longo da rua Ring, mais de 190 produtores e pequenas empresas montam tendas e estandes. Segundo a propaganda do Genuss-Festival, lá o público encontra o que há de melhor na Áustria em termos de alimentos, delicatessen e especialidades culinárias.

O Stadtpark é o parque mais antigo de Viena, inaugurado em 1860.

Público no Genuss-Festival em edição anterior (foto Sebastian Toth)

As cozinhas vienense e austríaca são muito saborosas. Na única vez que visitei o país (Viena e a vizinha cidade de Klosterneuburg), no longínquo ano de 1997, recordo do saboroso wiener schnitzel (escalope à moda de Viena, na tradução do alemão; conhecido por aqui no Brasil como filé à milanesa) que comi num restaurante, e dos quiosques que vendem salsichas assadas e cozidas, servidas com pão e mostarda. Uma dessa e uma cerveja… Que gostooooooso! Mas há muitos mais. Isso e demais pratos podem ser saboreados no festival e ainda nos restaurantes, bares e hotéis em Viena.

O famoso e delicioso wiener schnitzel é um bife de vitela empanado, ou seja, coberto de farinha, ovo e farinha de rosca, e frito na manteiga e óleo até ficar dourado. Tradicionalmente o prato é acompanhado por salada de batatas, mas outros acompanhamentos podem ser batatas com salsinha ou uma salada mista.

Nos quiosques e barracas de salsichas, os tipos mais presentes são a frankfurter (salsicha cozida), servida com mostarda doce ou forte e raíz forte; käsekrainer (salsicha de porco recheada com queijo); debreziner (salsicha defumada com tempero de páprica); e a burenwurst (salsicha grosseira, cozida).

Há ainda o tafelspitz (tenra carne bovina cozida servida com vários acompanhamentos, como apfelkren – maçã ralada com raiz forte –, molho de cebolinha, dillfisolen, feijão verde com endro, espinafre em creme ou erdäpfelschmarren – batata cozida, cortada e frita em óleo); goulash (ragu de carne bovina de origem húngara, com cebolas e páprica); rostbraten (carne de gado frita ou cozida por longo tempo em fogo baixo); beuschel (ragu à base de pulmão e coração bovinos); schinkenfleckerln (pequenos pedaços de macarrão caseiro cozido, misturados com presunto); blunzengröstl (batatas cozidas, fritas com morcilha e cebola); e o geröstete knödel, um bolinho de semolina cortado em fatias e frito.

Prato com wiener schnitzel (Wien Tourismus/Robert Osmark )
Cerveja, salsicha e mostarda: refeição bastante comum em Viena (Wien Tourismus/Peter Rigaud)

DOCES E SOBREMESAS
Em relação aos doces, a Áustria e Viena oferecem várias opções sensacionais. Confira alguns: palatschinken (panquecas finas recheadas de geleia); kaiserschmarren (panqueca em pedacinhos servida com compota); buchteln (bolinhos de fermento recheados de geleia); powidltascherl (folha de massa recheada com geleia de ameixa); e os strudel (massa muito fina coberta por ricota ou por maçãs cortadas em fatias finas, é enrolada e assada no forno).

A original torta sacher é, sem dúvida, o bolo mais famoso de Viena e da Áustria. O macio bolo de chocolate com geleia caseira de damasco e com uma nobre cobertura é feito pela receita original de 1832, no legendário Hotel Sacher Wien, localizado atrás da ópera. O bolo foi “inventado” outrora por Franz Sacher, que era cozinheiro-aprendiz na casa do conde de Metternich.

Segundo o Vienna Tourist Board, “hoje são produzidas manualmente mais de 360 mil unidades por ano. Um terço delas é consumido nos hotéis outro terço é adquirido nos pontos de venda e o último terço é comercializado pelo mundo afora”.

Vitrine do Cafe Demel, em Viena (Wien Tourismus/Peter Rigaud)
Hora do café em doceria vienense (Wien Tourismus/Peter Rigaud)

Nas confeitarias vienenses é possível encontrar outras maravilhas. Olha só: gugelhupf (bolo caseiro com furo no meio, com passas ou chocolate), strudel de nozes ou sementes de papoula; doce de papoula; topfenkolatschen (bolinho de fermento com recheio de ricota); cremeschnitten (massa folhada com creme); kardinalschnitten (massa biscuit com creme de café), krapfen (sonho); rehrkuchen (bolo de chocolate e amêndoas com glacê de chocolate); esterházytorte (bolo com fundo de biscuit e creme de manteiga); topfentorte (tipo de torta com recheio de creme); dobostorte (várias camadas de biscuit com creme de chocolate e glacê de caramelo e – na época natalina – uma grande variedade de biscoitos).

O Palácio do Belvedere, em Viena ( Wien Tourismus/Christian Stemper)

MERCADO EM ALTA
Com 16,5 milhões de pernoites, o turismo de Viena registrou em 2018 um crescimento de 6,3% em relação a 2017, quando tinha quebrado o recorde. No ano passado, a cidade recebeu 7,5 milhões de visitantes, um aumento de 6,2%.

Em relação ao Brasil, em 2018 foi registrado uma ligeira queda de 6,3% nas visitas e de 4,7%, nos pernoites. Ainda assim, com mais de 52 mil visitantes e 132 mil pernoites, o Brasil segue sendo para Viena o maior mercado da América do Sul. Com uma estada média de 2,54 noites, os brasileiros estão entre os viajantes que mais tempo permanecem na cidade.

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